🔎 Lente nas Eleições #3: Debate inédito, mentiras repetidas…

Olá!
A segunda-feira começou sob o clima de repercussão do primeiro debate entre os presidenciáveis de 2022. Chamou atenção o bom desempenho das mulheres — as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) — e as discussões entre os homens. Para muitos, esse pode ter sido o único encontro entre os dois candidatos melhor colocados nas pesquisas de intenção de voto (o presidente Jair Bolsonaro, do PL, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT).
Como já é tradição, o encontro entre os candidatos à Presidência foi ao ar pela tela da Band — neste ano, em parceria com a TV Cultura, com a Folha de S.Paulo e com o UOL. A Lupa checou as afirmações ao vivo.
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O debate era inédito, mas as mentiras, repetidas…
No primeiro debate entre presidenciáveis, os dois líderes das pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), usaram e abusaram de informações falsas. O petista voltou a citar informações falsas sobre seu governo, como já havia feito no Jornal Nacional, enquanto o atual presidente disse que a inflação do Brasil era uma das mais baixas do mundo — algo que não é verdadeiro.
Lula voltou a dizer que, quando era presidente, sancionou a lei que tipificou o crime de lavagem de dinheiro (já tinha feito isso no Jornal Nacional, e a Lupa checou). No debate, ele incluiu outros “feitos” que não aconteceram: disse, por exemplo, que, ao escolher Joaquim Barbosa como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), indicou o primeiro negro para a corte. Porém, outros dois ministros negros ocuparam o cargo antes — Pedro Lessa e Hermenegildo Rodrigues de Barros.
O petista também insistiu em uma afirmação falsa que volta e meia reaparece nas redes sociais, a de que ele demitiu um ministro por causa do gasto com tapioca no cartão corporativo. Em 2008, Orlando Silva (PCdoB), então ministro do Esporte, gastou de forma irregular mais de R$ 30 mil — que foram devolvidos ao erário. Entre os gastos estava uma tapioca de R$ 8,60, valor bastante alto para a época. Mas Silva só foi demitido em 2011, pela presidente Dilma Rousseff (PT).
E, falando em Dilma, Lula disse que ela foi a primeira candidata mulher à presidência, o que é falso. Ela, de fato, foi a primeira a ganhar as eleições, em 2010, mas já em 1989 Lívia Maria Pio se candidatou pelo Partido Nacionalista. Simone Tebet (MDB) também escorregou nesse assunto no JN.
Já Bolsonaro disse que a inflação no Brasil é uma das mais baixas no mundo, mas parece ter esquecido que, em maio, a inflação acumulada nos 12 meses anteriores no país estava entre as mais altas do G20, melhor apenas do que Argentina, Rússia e Turquia. O presidente também acusou, falsamente, o PT de votar contra o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda lançado por seu governo.
Ao longo do debate, a Lupa checou 28 frases dos seis candidatos que participaram — além de Lula e Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Luiz Felipe D’Ávila (Novo) foram convidados. A legislação exige que sejam convidados candidatos que representam partidos com mais de 5 deputados federais.

Pesquisas: o Datafolha realizou uma pesquisa qualitativa ao vivo, durante o debate, com um grupo de 64 eleitores indecisos ou dispostos a anular o voto. O grupo considerou Tebet como a candidata com melhor desempenho, e Bolsonaro como o pior. O levantamento não é representativo da população e visa mostrar a percepção de indecisos e daqueles que pretendem votar em branco ou nulo.
Buscas: já o Google Trends mostrou cenário diferente. Bolsonaro e Lula dominaram as pesquisas na ferramenta durante o debate, com ampla vantagem sobre os outros candidatos.
Agressão: o ponto baixo da noite foi a agressão de Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães. Ela questionou Ciro sobre a queda na cobertura vacinal no Brasil e mencionou as informações falsas propagadas por Bolsonaro sobre o tema — ele chegou a relacionar a vacina contra Covid-19 à Aids. Bolsonaro respondeu dizendo que Vera fazia “acusações mentirosas” ao seu respeito — não eram — e que ela era uma “vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Baixaria: o deputado federal André Janones (Avante-MG), recém-convertido em apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente e apoiador de Bolsonaro, Ricardo Salles, trocaram xingamentos e quase saíram no tapa. A segurança chegou a ameaçar expulsar os dois, mas os ânimos se acalmaram.
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