🔎 Lente nas Eleições #10: debate tem mentira e baixaria
Olá!
A checagem em tempo real do debate da Globo com os candidatos a presidente, na noite desta quinta-feira (29), abriu o plantão especial da Lupa nas Eleições 2022. Até segunda-feira, teremos diversos conteúdos e eventos ao vivo.
Cerca de 30 jornalistas vão se revezar em um plantão para verificar conteúdos desinformativos. O objetivo é garantir que a audiência tenha acesso a informações verificadas que auxiliem na hora do voto.
Nossa programação está no pé desta edição da Lente. Programe-se para acompanhar a reta final do primeiro turno conosco.
Um abraço,
Equipe Lupa
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No debate, Bolsonaro e Padre Kelmon apelam a vídeos falsos para atacar adversários
Em um debate marcado por brigas e acusações de corrupção, a desinformação de redes sociais foi “importada” para a TV aberta. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o candidato Padre Kelmon (PTB) citaram, durante o programa, vídeos falsos que circulam nas redes sociais e já foram desmentidos por checadores há anos.
O primeiro a fazer isso foi Bolsonaro. Já na primeira pergunta — feita por Kelmon, com quem estabeleceu uma “dobradinha” durante o debate —, o presidente disse o seguinte: “Lula defendia que [se] roubasse celular para tomar uma cervejinha”. Essa frase tem como base um vídeo manipulado que viralizou nas redes. O vídeo mistura duas frases de Lula, uma sobre a pobreza motivar ladrões de celulares e outra sobre as torcidas do Náutico e do Santa Cruz “tomarem uma cerveja juntos” depois de um jogo — como metáfora para a polarização no país. A Lupa — assim como outros checadores — verificou esse vídeo em 2020.
Já Kelmon disse o seguinte: “O senhor [Lula] falou em vídeos que padre tem que ficar no lugar dele, na igreja”. Novamente, trata-se de uma mentira de redes sociais. O vídeo em questão também foi grosseiramente manipulado: assim como no anterior, partes duas declarações distintas foram colocadas em sequência. Lula disse, na verdade, que as Forças Armadas não deveriam se meter na política — e não os padres. O vídeo foi checado pela Lupa em 2021.
O debate, que se alongou até a 1h50 desta sexta (30), foi marcado por acusações de corrupção e ofensas pessoais. Só no primeiro bloco foram seis pedidos de direito de resposta concedidos a Lula (4) e Bolsonaro (2). Em um determinado momento, Bolsonaro chegou a pedir um direito de resposta em uma troca na qual sequer tinha sido citado — e levou uma bronca do apresentador William Bonner. A candidata Soraya Thronicke (União Brasil) chamou a atenção por suas trocas com Kelmon, a quem chamou de “padre de festa junina”.
Assim como em debates anteriores, Lula voltou a exagerar dados a respeito de seu governo, como o volume de exportações, a quantidade de empregos gerados na era PT e o número de novos universitários durante o seu governo. Já Bolsonaro voltou a dizer que o PT votou contra o Auxílio Brasil — o que não é verdade — e caiu em contradição ao apresentar as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc como realizações do seu governo — em 2022, ele vetou ambas as leis, embora tenha sancionado com veto parcial a primeira versão da segunda.
Apesar de mentiras, exageros, informações falsas e contradições terem sido frequentes durante o debate, o mais grave foi o não dito. Em dado momento, Soraya perguntou a Bolsonaro — ignorando solenemente o tema sorteado, que era “segurança pública” — o que ele quis dizer quando falou, no Jornal Nacional, que só respeitaria o resultado de “eleições limpas”. E depois foi ainda mais direta: perguntou se ele pretendia dar um golpe de estado. Bolsonaro não respondeu.
Sistema eleitoral sob ataque
A circulação de conteúdos desinformativos que questionam o sistema eletrônico de votação aumentou na semana que antecede o 1º turno da disputa. Uma das mensagens que mais viralizaram no período foi um vídeo que mostrava urnas sendo preparadas dentro de um sindicato em Itapeva (SP) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Não havia, contudo, qualquer irregularidade no processo. Também circulou um áudio dizendo que urnas em Cordeiro (RJ) tinham sido carregadas com votos para Lula, o que é falso.
Houve ainda pelo menos dois posts que tentaram desinformar sobre a votação que ocorrerá no domingo. Em um deles, um homem dizia que uma mensagem nova que vai aparecer no aparelho, pedindo a conferência do voto, anularia a escolha se a pessoa apertasse no mesmo momento o botão "Confirma". Isso foi desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também circulou muito uma publicação dizendo que o horário de votação tinha mudado em todo o país – isso aconteceu apenas em alguns estados, que não seguem o fuso horário de Brasília.
Como toda atenção é necessária para não cair nessas armadilhas, a Lupa preparou um guia com 7 dicas para identificar conteúdos falsos na eleição. Vale também olhar o compilado de checagens antigas que já desmentimos e continuam a circular, além de fazer uma pesquisa cuidadosa nos buscadores sempre que algo suspeito aparecer no seu WhatsApp ou nas suas redes sociais.
…na cobertura da Lupa: a checagem em tempo real do debate da Globo com os candidatos a presidente abriu o plantão especial da Lupa das Eleições 2022. Até domingo, cerca de 30 profissionais estarão dedicados à cobertura. Em parceria com o TikTok, a Lupa realiza neste sábado (1°), às 11h, mais uma live na plataforma com a participação de especialistas e influenciadores. No domingo (2), dia da votação, a audiência acompanha ao vivo no Twitter da Lupa a apuração do primeiro turno e uma observação nacional e regional da desinformação no processo eleitoral deste ano. Dividido em blocos, o Space da Lupa começará às 17h30min e receberá mais de 20 jornalistas e especialistas para comentar as eleições em todas as regiões do país, além de explorar os principais assuntos alvo de desinformação nos discursos dos presidenciáveis e seus impactos no comportamento do eleitor. Jornalismo e Educação prepararam uma série de reportagens, checagens, verificações em tempo real, análises e newsletters com destaques da cobertura e dicas para não cair em desinformação nesta reta final do primeiro turno. A equipe de jornalismo da Lupa estará de plantão, verificando em tempo real mensagens compartilhadas nas redes sociais. A cobertura será feita em parceria com outras plataformas de fact-checking, a partir da coalizão de combate à desinformação formada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e conta com o apoio do Google e da Associação de Jornalismo Digital (Ajor). Ao fim da apuração, no domingo, reportagens especiais trazem os resultados e ajudam o eleitor a estar atento aos compromissos firmados pelos candidatos eleitos e como seguir monitorando a desinformação no segundo turno.
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Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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