🔎 Lente nas Eleições #14: Lula, Bolsonaro e a mentira no debate final
Olá!
Chegamos, enfim, aos últimos instantes da campanha eleitoral de 2022, que foi tão emocionante quanto um seriado de TV ― para alguns, certamente, até mais. De personagem que troca de lado a um plot twist atrás de outro, essa eleição teve tudo que uma boa série deve ter, embora tenha pesado a mão nas mentiras. Se, de fato, fosse um audiovisual, alguém poderia até dizer que faltou verossimilhança e que os roteiristas pesaram a mão...
E, a partir de amanhã, vamos saber se haverá spin off ou não, ou seja, se o derrotado aceitará o resultado das urnas. Que os últimos episódios sejam menos emocionantes que os anteriores.
Vote em segurança. E conte conosco durante todo o fim de semana!
Um abraço,
Equipe Lupa
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Quem é mais corrupto? Quem é mais mentiroso?
Lula e Bolsonaro se enfrentaram no último debate das eleições de 2022, na Globo. Descontando direitos de resposta, os dois tiveram cerca de 50 minutos cada para explicar porque querem voltar ou continuar a ser presidente. Boa parte desses minutos foi gasta em trocas de acusações sobre quem seria o mais corrupto ou o mais mentiroso. O "anti-debate" foi marcado, mais uma vez, por trocas de ofensas e pedidos de direito de resposta, em sua maioria, não concedidos pela produção do programa.
Houve pouca novidade. Na realidade, os candidatos repetiram diversos dados exagerados ou falsos que já haviam sido citados e checados em outras ocasiões. A Lupa verificou quase 40 declarações dadas no programa e, entre elas, teve de voltar a tratar de informações exageradas no âmbito econômico ditas por Lula e de uma série de mentiras mencionadas por Bolsonaro sobre o que seu governo fez ou deixou de fazer.
Não por acaso, havíamos publicado duas extensas checagens detalhando as mentiras mais usadas pelos dois para enaltecerem seus próprios mandatos. Aqui está a de Lula. Aqui, a de Bolsonaro. Compare com a checagem do debate e você vai ver que os dois se parecem mais com discos arranhados repetindo o mesmo trecho daquela música que já deu, a gente já cansou.
Bolsonaro criou o Pix? Não.
O número de feminicídios diminuiu no governo Bolsonaro? Não.
No governo do PT, quem arranjasse emprego perdia o Bolsa Família? Não.
Os governos petistas criaram mais de 22 milhões de empregos? Não.
Lula deixou reservas de R$ 370 bilhões ao sair da presidência? Não.
Por que, então, eles seguem repetindo essas falas, mesmo depois de terem sido corrigidos (e não apenas pela Lupa)? A ideia parece ser uma espécie de "pregação para convertido", com a estratégia de "repita uma mentira tantas vezes até que ela se torne uma verdade" usada de forma livre. Às vezes, cola.
O encontro entre os presidenciáveis foi usado mesmo para que eles tentassem consolidar no público a imagem ruim do adversário. Por isso, as acusações de "corrupto", "mentiroso" e "bandido" tomaram grande espaço. Bolsonaro mais uma vez tentou colar em Lula a narrativa de que a ida do ex-presidente ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, era sinal de que ele recebe apoio de criminosos. Já Lula lembrou o episódio ocorrido com Roberto Jefferson no último fim de semana, mencionando que o ex-deputado, que atacou a tiros e granadas policiais que foram à sua casa cumprir um mandado de prisão, é "homem de confiança" de Bolsonaro.
Neste sábado, não há possibilidade de que os candidatos façam campanha em rádio, TV ou no ambiente digital (esse último, garantido após a nova resolução do Tribunal Superior Eleitoral, que proibiu o impulsionamento de conteúdos das campanhas a partir da meia-noite de hoje, como já ocorria nos outros meios em anos anteriores). Mas as ruas ainda estão tomadas de militantes de ambos os lados, defendendo seus candidatos e, principalmente, suas falas. Atenção com os discursos copiados ipsis literais da boca dos dois. Como você já viu, na disputa de narrativas, só dá pra confiar na informação verificada.
Desinformação nos holofotes
A polarizada campanha eleitoral de 2022 está chegando ao fim com um consenso: a desinformação esteve no centro do debate político. Esse protagonismo cresceu nos últimos 4 anos a ponto de, no debate final dos candidatos a presidente, a palavra “mentira” ser mais mencionada do que “proposta” ou “projeto”.
Artigo de Gilberto Scofield Jr. no site da Lupa aprofunda essa análise indicando que, em 4 anos, não aprendemos lições sobre desinformação e estamos sem tempo – uma análise que se materializou em um embate guiado por acusações falsas e clima de tensão.
O desfecho desta eleição também traz lições sobre como aprimorar o trabalho de checagem e, em sua essência, a busca pela verdade. Esses caminhos são mapeados na análise de Paula Cesarino Costa, ombudsman da Lupa nestas eleições – e passam por pontos como reflexão, ação coordenada e busca por tecnologia.
…no Janones: a tática do “meia-noite eu te conto um segredo” continua. Nesta semana, o deputado mineiro, apoiador de Lula, insistiu que teve acesso ao celular de Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro falecido em 2020, e que teria revelações sobre o presidente. Até o momento, nenhuma informação que já não era de conhecimento público veio à tona.
…na Lupa: unindo esforços de Educação e Jornalismo, a Lupa preparou uma programação repleta de análises, checagens, explicadores, materiais educativos, newsletters e verificações nesta reta final do segundo turno das eleições. No fim de semana decisivo e na segunda-feira (31), o eleitor vai acompanhar, nas redes sociais e no site da Lupa, verificações dos conteúdos falsos mais compartilhados, além de reportagens e análises sobre as principais narrativas desinformativas espalhadas nas redes sociais. Na segunda-feira (31), também circula mais uma edição especial da Lente.
…na live no TikTok: neste sábado (29), às 11h, o TikTok da Lupa promove uma live com a participação de especialistas e influenciadores. Dividida em dois blocos, a transmissão ao vivo abordará como dialogar com quem pensa diferente ou está promovendo desinformação e como combater as fakes no dia da eleição. A live faz parte de uma série de conteúdos educativos promovidos em parceria com o TikTok.
…nos checadores: como promovido no primeiro turno, durante todo o fim de semana, a coalizão CheckBR estará ativa. A Lupa e outras seis organizações de checagem de fatos se reúnem para mapear e combater as principais desinformações compartilhadas nas redes sociais. Todas as verificações publicadas e republicadas pelas organizações serão marcadas nas redes sociais com a hashtag #CheckBR, de modo que a busca por informações confiáveis fique mais fácil.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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