🔎 Lente #69: Maus perdedores se recusam a deixar as ruas
Boa sexta-feira, 11 de novembro. Veja os destaques da Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa:
Munidos de mentiras, bolsonaristas radicais seguem nas ruas contestando resultado das eleições;
Demissões em massa no Twitter e na Meta podem afetar combate à desinformação;
Tuiteiros apelam para trocadilhos para confundir radicais bolsonaristas.
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Munidos de mentiras, maus perdedores se recusam a deixar as ruas após eleições
Neste domingo, vão completar duas semanas que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil, com 50,9% dos votos válidos. Não há nenhum indício de irregularidade no processo. Ainda assim, alimentados por fontes incessantes de desinformação e recursos de origem obscura, um número reduzido de fanáticos extremistas ainda está aglomerado na frente de quartéis. E o atual governo, em seus últimos dias, tem toda a responsabilidade por isso.
Como sempre, a desinformação tem um papel crucial. A começar, a “argumentação legal” defendendo um golpe de estado por parte das Forças Armadas inclui desde interpretações psicodélicas de artigos da Constituição até a invenção de modalidades de “intervenção” sem qualquer lastro na realidade. Já os “questionamentos” à segurança do pleito são relatórios apócrifos que não mostram qualquer evidência concreta de manipulação de resultados — e inclui desde o uso incorreto de ferramentas matemáticas, como a Lei de Benford, até a pura e simples invenção de números, passando pelo simples desconhecimento do funcionamento da Justiça Eleitoral.
Na quarta-feira (9), o Ministério da Defesa publicou relatório de sua auditoria das eleições, confirmando a mesma coisa que observadores nacionais e internacionais — desde a Organização dos Estados Americanos (OEA) até o Carter Center — já tinham concluído na semana passada: não existe nenhum indício de fraude nas eleições. No dia seguinte, porém, em uma nota vergonhosa, a Defesa fez questão de frisar o fato de que também não tem provas de que as eleições não foram fraudadas.
Após os principais bloqueios de estradas terem sido removidos, os protestos são de baixo impacto no mundo real — com notável exceção para aqueles que têm o azar de morar próximos a quartéis. Porém, grupelhos anti-democráticos agindo com absoluta impunidade e apoio tácito, quando não explícito, das forças de segurança do país representam uma ameaça constante ao estado democrático de direito.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem culpa nisso. Antes e durante as eleições, ele insuflou seus apoiadores, sempre usando a desinformação como arma, contra o processo eleitoral. Agora, se recusa a dizer, claramente, que perdeu as eleições e que o país precisa voltar à normalidade. Enquanto isso, seus subalternos, como o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, agem para jogar gasolina no fogo, junto com os mesmos influenciadores picaretas de sempre. Resta saber por quanto tempo estes maus perdedores vão manter o país como refém.
Abraços,
Chico Marés
Coordenador de Jornalismo
Em duas semanas, Twitter e Meta promovem demissões em massa
Este mês de novembro tem sido bastante preocupante para algumas das principais empresas de tecnologia do planeta. Recém-adquirido pelo bilionário Elon Musk, o Twitter fez demissões em massa na semana passada, e agora vive uma sucessão de pataquadas à medida que seu novo dono faz questão de decretar seus caprichos goela abaixo de funcionários e usuários. Na Meta, a situação é menos insólita, mas igualmente grave: 11 mil pessoas foram demitidas nesta quarta-feira (9), após uma sequência de maus resultados financeiros.
Musk assumiu o controle do Twitter em 27 de outubro. No dia 4 de novembro, demitiu metade dos funcionários da empresa — e, inclusive, decidiu convidar alguns dos demitidos a voltar para a empresa. Nesta semana, Musk anunciou que passará a cobrar US$ 8 mensais pela verificação de perfis. O programa começou de forma caótica: usuários conseguiram, sem maiores dificuldades, criar perfis verificados de políticos e celebridades. Em um dos casos, por exemplo, uma pessoa fez um perfil do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, e publicou mensagem dizendo que estava com saudades de “matar iraquianos”.
Já a Meta, após anos de crescimento ininterrupto, viu sua arrecadação cair pela primeira vez em julho deste ano. Em outubro, a queda na arrecadação continuou, enquanto os lucros da empresa caíram pela metade. O Facebook, principal plataforma de redes sociais da empresa, está perdendo milhões de usuários todos os meses. Na quarta, a empresa anunciou a demissão de 11 mil pessoas, cerca de 13% do total de funcionários.
A crise no setor de redes sociais pode ter impacto direto no combate à desinformação. No caso do Twitter, Musk já se disse um “absolutista” da liberdade de expressão — embora tenha se mostrado bastante afeito, nos últimos dias, a punir perfis que fazem paródia com ele próprio. É possível que as políticas da plataforma contra a desinformação, que já são bastante limitadas, sejam reduzidas ainda mais.
Já na Meta, ainda não se sabe qual o impacto dos cortes terá nos programas de combate à desinformação da companhia — se é que terá algum. Se, por um lado, em qualquer empresa o enxugamento de despesas costuma afetar mais setores que não trazem lucro imediato, por outro, uma atitude mais relaxada à desinformação pode impactar negativamente a imagem da companhia para grandes anunciantes.
Na Meta, essa incerteza é particularmente mais grave. Primeiro, porque, ao contrário do Twitter, a empresa tem programas estruturados para lidar com esse tema. E segundo, porque suas plataformas, Facebook, Instagram e WhatsApp, tem um impacto muito mais significativo e um alcance muito mais abrangente do que a plataforma de Musk. Fiquemos de olho.
…nos trocadilhos: buscando deslegitimar os protestos contra a eleição presidencial, usuários do Twitter passaram a criar peças de desinformação com pegadinhas para os manifestantes anti-democráticos. Informações falsas estão sendo atribuídas a generais, especialistas ou “autoridades” fictícias, cujos nomes remetem a expressões de baixo calão. O bolsonarista e ex-lutador de MMA Vitor Belfort, por exemplo, caiu em uma dessas pegadinhas e publicou em seu Instagram declarações fortes de um certo general “Benjamin Arrola”.
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