🔎 Lente #72: Twitter retira ‘vacina’ contra conteúdo falso
Boa sexta-feira, 2 de dezembro. Veja os destaques da Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa:
Twitter retira ‘vacina’ contra conteúdo falso;
Júri considera invasores do Capitólio culpados;
Os pen drives da Copa.
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Twitter retira ‘vacina’ contra conteúdo falso
Como se todas as mentiras sobre Covid-19 tivessem desaparecido num passe de mágica, o Twitter encerrou sua política de combate a informações falsas sobre a doença. Temos acompanhado semana a semana, desde abril, os percalços da compra do Twitter por Elon Musk, e esse foi mais um triste capítulo da saga, que parece ter apenas começado.
Musk tem deixado claro que seu objetivo é tornar o Twitter um lugar livre de moderação, ou seja, para toda e qualquer postagem, seja ela falsa ou verdadeira. Nesse sentido, a empresa já deixou, desde o dia 23, de incluir etiquetas em publicações sobre Covid-19 e de acrescentar dados corretos no caso de conteúdos falsos ou enganosos, de acordo com nota oficial. Exclusão de tuítes com informações falsas ou suspensão das contas que os publicam nem se fala.
Desde que a política da plataforma para lidar com a pandemia foi implementada, em janeiro de 2020, até o dia 23 de novembro, 11,2 mil contas foram suspensas e 97,6 mil publicações com dados falsos ou enganosos foram excluídas do Twitter, aponta a mesma nota.
Um parêntese dentro dessa lógica rocambolesca de permitir todo e qualquer tipo de postagem na plataforma, o Twitter reativou, em 19 de novembro, a conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump. Banido em janeiro de 2021 por posts relacionados à invasão do Capitólio, Trump ainda não fez novas postagens.
Voltando à questão da Covid-19, o mais impressionante é que Musk decidiu derrubar a política de moderação de conteúdos sobre a doença exatamente em um momento em que uma nova onda de desinformação sobre a doença avança nas redes sociais, impulsionada pela circulação de novas cepas da variante Ômicron do Coronavírus e pelo aumento de casos. Desde o começo de novembro, boatos antigos sobre vacinas e tratamento precoce, desmentidos muitas vezes, voltaram a circular, como mostrou a repórter da Lupa Carol Macário em matéria publicada pela Folha de S.Paulo. Um levantamento sobre os pedidos de verificação mais recebidos pela Lupa via WhatsApp mostrou que, no dia 22 de novembro, duas das cinco solicitações mais enviadas por leitores eram conteúdos antigos já verificados.
Carol mostrou que nem tudo é velho e requentado. Surgiram conteúdos falsos inéditos, como a teoria conspiratória de que o aumento de infecções não seria real (desmentida pela Lupa em 11 de novembro) e que a divulgação da nova onda teria o objetivo de fazer pessoas acampadas em quartéis em manifestações antidemocráticas voltarem para casa — o que também não é verdade.
Por um lado, as novas variantes e o aumento de casos deixam muito claro que a pandemia de Covid-19 não acabou ― e provavelmente não vai acabar. Por outro, a desinformação sobre a doença vai existir e circular seguindo as ondas da própria Covid-19. A pandemia e a infodemia não acabaram. As vacinas, para ambas, precisam ser aplicadas ― e não o contrário.
Abraços,
Marcela Duarte
Gerente de Produto
Júri considera invasores do Capitólio culpados
Aproveitando a volta de Donald Trump ao Twitter (plataforma de onde foi banido em janeiro de 2021 por posts relacionados à invasão do Capitólio), nesta semana, saíram as condenações de invasores ao prédio que é o centro legislativo do Estado americano. O líder do Oath Keepers, organização de milícia de extrema-direita antigovernamental americana, Stewart Rhodes, e o integrante Kelly Meggs foram considerados culpados de conspiração na terça-feira (29).
A decisão foi tomada por um júri, que chegou ao veredito no histórico julgamento criminal de cinco supostos líderes do grupo de milícia de direita. Rhodes, Meggs e os outros três réus – Jessica Watkins, Kenneth Harrelson e Thomas Caldwell – também foram condenados por obstrução de um processo oficial.
A condenação foi considerada uma vitória para o Departamento de Justiça, que argumentou que o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 foi mais do que apenas um protesto político que saiu do controle, mas um ataque violento à sede da democracia americana e um esforço para manter o então presidente eleito Joe Biden fora do Salão Oval por todos os meios necessários.
O Departamento de Justiça alegou que os Oath Keepers conspiraram para impedir à força a transferência pacífica do poder presidencial do então presidente Donald Trump para Biden e planejaram atacar o Capitólio.
…nos pen drives da Copa: flagrado com a esposa em jogo do Brasil contra a Suíça na segunda (28) no Qatar, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) negou que tenha ido ao país por causa da Copa do Mundo. Ele fez uma postagem, no dia seguinte, em que aparece tirando de uma bolsa alguns pen drives nos quais estariam “vídeos em inglês explicando a situação no Brasil”. O flagrante no jogo acendeu o alerta junto aos manifestantes bolsonaristas que acampam em frente a quartéis pedindo intervenção militar, que se sentiram traídos por enfrentarem frio e chuva enquanto o filho do presidente passeia por Doha. No dia seguinte, o remendo despertou a veia cômica da esquerda, que inundou a internet com memes.
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