🔎 Lente #73: A moral da história da erisipela de Bolsonaro
Boa sexta-feira, 9 de dezembro. Veja os destaques da Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa:
A moral da história da erisipela de Bolsonaro;
Plataformas ganharam dinheiro com desinformação nas eleições.
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Erisipela de Bolsonaro não é fábula, mas tem moral da história
Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, postou no domingo passado (4) uma foto da perna de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), com erisipela. A infecção atinge a pele e é causada por uma bactéria especialmente em diabéticos, obesos ou em quem tem problemas de circulação.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que a doença acomete aproximadamente 15% da população mundial. Apesar disso, começaram a circular conteúdos apontando que Carlos teria usado uma foto da propaganda do Ministério da Saúde na campanha antitabagismo para dizer que seria a perna do pai. O conteúdo foi desmentido pelo projeto Papo Reto no Zap, uma parceria entre a Lupa e a Agência Mural.
Assim como eu, talvez você tenha se questionado qual seria a intenção por trás do movimento que tentava emplacar a narrativa falaciosa de que a foto seria falsa. Acontece que, entre os apoiadores mais ferrenhos do bolsonarismo, circulava fortemente uma versão de que o presidente mantinha o silêncio e estava afastado de agendas públicas desde as eleições por conta dessa erisipela na perna. Ou seja, a postagem de Carlos não foi tirada do nada, mas uma espécie de dog whistle para falar diretamente com esses apoiadores e justificar o comportamento de Bolsonaro.
Rapidamente, então, começaram a circular conteúdos alegando que a foto não seria da perna de Bolsonaro, mas que teria sido tirada daquelas fotos escabrosas que ilustram as embalagens de cigarro. Isso, no entanto, se mostrou falso.
O conteúdo falso, todavia, parece ter circulado tanto ou até mais do que o original, que, para surpresa geral da nação, era verdadeiro. Recebemos entre as sugestões do projeto Papo Reto no Zap, em que moradores de quatro territórios de São Paulo enviam conteúdos suspeitos via WhatsApp para serem checados. Em seguida, vimos que estava entre os conteúdos mais pedidos para serem verificados da Lupa.
É um pouco como aquela fábula de Esopo, “O menino que gritava lobo”. O menino em questão gritou “lobo” tantas vezes para chamar a atenção que, quando realmente apareceu um lobo, ninguém acreditou nele. Como na fábula, a moral da história é que ninguém acredita em um mentiroso, mesmo quando ele se dispõe a falar a verdade.
Abraços,
Marcela Duarte
Gerente de Produto
Apesar de acordo com TSE, plataformas ganharam dinheiro com desinformação nas eleições
A desinformação circulou solta nas plataformas durante as eleições deste ano, inclusive em conteúdos patrocinados. Trocando em miúdos, as plataformas ganharam dinheiro por meio da desinformação, apesar do acordo assinado por elas com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de combater a disseminação de conteúdo de desinformação. É o que aponta artigo assinado por Gilberto Scofield Jr., consultor em Educação Midiática e Digital da Lupa e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas da UFRJ.
O que se viu foi o fenômeno conhecido como "desordem informacional", considerado por estudiosos do tema como potencialmente perigoso para as democracias porque contamina o debate público com discussões que não são baseadas em evidências ou fatos, mas em mentiras ou narrativas fabricadas e distorcidas. Isso acaba por criar uma realidade paralela na mente de uma parcela significativa da população.
O problema começa na definição do que é desinformação. Nenhuma das plataformas relatou trabalhar com um conceito unificado. Em políticas e comunicados, fazem menções ao termo, além de outros correlatos, como notícias falsas e informações enganosas. Definir desinformação é importante para dar transparência e deixar nítido qual tipo de conteúdo pode ser impactado pelas medidas de análise, sinalização ou sanções adotadas pelas plataformas.
O artigo é extenso e trata ainda de três momentos bem nítidos da desinformação durante as eleições deste ano. Leia o texto na íntegra no site da Lupa.
…na Lupa: o clima de Copa se sobrepôs à ressaca das eleições, mas por aqui o trabalho é intenso para fecharmos este ano com o 2023 bem planejado. A começar logo no dia 1º de janeiro, quando faremos a cobertura ao vivo da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência da República. Outro projeto de 2023 que já começamos a tocar é a ferramenta para monitorar postagens potencialmente desinformativas compartilhadas nas redes sociais dos políticos eleitos no pleito de 2022, selecionada pela Google News Initiative (GNI). A expectativa é gerar uma importante base de dados sobre comunicação política e será possível mensurar o impacto de uma desinformação publicada pelos políticos eleitos. Até o fim do ano, outros projetos devem ser confirmados ― e nós estaremos acompanhando até o último dia de 2022. Mas a Lupa estará oficialmente em recesso entre os dias 22 e 31 de dezembro. Com isso, na próxima sexta-feira (16), será enviada a última Lente do ano. Depois disso, nos vemos em 2023.
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Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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