🔎 Lente #75: ‘Chega de ódio, fake news, armas e bombas’
Boa segunda-feira, 2 de janeiro. Feliz 2023!
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‘Chega de ódio, fake news, armas e bombas’
Foi um dia histórico, com toda pompa e relevância que um dia histórico deve ter. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou tudo em sua terceira posse na presidência da República, de choro a beijo, passando pelo simbolismo de subir a rampa com representantes do povo ― e da cachorrinha Resistência ―, para em seguida receber a faixa presidencial das mãos de uma mulher negra catadora de materiais recicláveis.
Seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), não teve a altivez de lhe passar a faixa. O momento foi sabiamente usado para construir no imaginário de uma nação a ideia de que reunificar é possível, mesmo após uma eleição que rachou o país e famílias de Norte a Sul. A busca pela unificação é um dos pontos que destacamos dos discursos de Lula. Para nós aqui da Lupa, é o mais importante, porque também é onde reside nossa missão, o combate à desinformação. “É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. (...) Chega de ódio, fake news, armas e bombas.” Porque é evidente que as “fakes” fazem parte da receita da ruptura.
Antes, no Congresso, Lula já havia citado a desinformação como ameaça à democracia. “A relevância da eleição no Brasil refere-se, por fim, às ameaças que o modelo democrático vem enfrentando. Ao redor do planeta, articula-se uma onda de extremismo autoritário que dissemina o ódio e a mentira por meios tecnológicos que não se submetem a controles transparentes. Defendemos a plena liberdade de expressão, cientes de que é urgente criarmos instâncias democráticas de acesso à informação confiável e de responsabilização dos meios pelos quais o veneno do ódio e da mentira são inoculados. Este é um desafio civilizatório (...).”
Outro ponto importante é quando Lula fala no parlatório do Palácio do Planalto sobre o aumento da população que passa fome no país e sobre a desigualdade ― e chora. Ele se emociona ao falar de crianças vendendo bala ou pedindo esmola quando deveriam estar na escola. “Trabalhadores e trabalhadoras desempregados, exibindo nos semáforos cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: ‘Por favor, me ajuda’.” Quem vive em qualquer capital do país sabe do que ele está falando.
Outro ponto importante é quando, sem citar nomes, Lula critica Bolsonaro. “Faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro.” A crítica pode parecer sutil, mas foi muito bem compreendida pela multidão de apoiadores, que respondeu com gritos de “sem anistia”.
Lupa na cobertura da posse
Para esmiuçar para nossa audiência o que houve de mais importante nos discursos e nos bastidores da posse, a Lupa acompanhou diretamente de Brasília a cerimônia, além de contar com uma equipe espalhada pelo Brasil ― embora separada geograficamente, trabalhando em uníssono de forma remota, como tão bem aprendemos a fazer durante a pandemia e na cobertura da última eleição.
Além do que foi dito nos discursos, Chico Marés e Leandro Becker enviaram informações diretamente do Congresso. Foi assim que conseguimos passar a temperatura do que acontecia no local da cerimônia, como a informação de que as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Maria do Rosário (PT-RS) choraram abraçadas enquanto assistiam ao desfile transmitido em um telão no Congresso. Aqui você confere a matéria ambiental da posse.
Nathália Afonso destrinchou o discurso de Lula no Congresso e descobriu que a palavra “fome” foi citada seis vezes. Ele voltou a se comprometer com o desmatamento zero na Amazônia e a zerar a emissão de gases de efeito estufa na matriz elétrica. Aqui você pode ler a matéria sobre o discurso no Congresso.
Em consonância com o discurso de Lula, Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, disse em entrevista a Leandro Becker que o combate à desinformação e o compromisso com a transparência vão nortear a comunicação do governo. Questionado sobre uma possível ação do governo para controle da mídia, disse que o tema passa por um debate amplo e público em que a liberdade de expressão, prevista na Constituição, seja respeitada. Aqui você acessa a entrevista exclusiva de Paulo Pimenta à Lupa.
Por fim, Gabriela Soares, Iara Diniz, Maiquel Rosauro e Nathália Afonso se somaram para checar as principais frases de ambos os discursos de Lula. Em quase uma hora de fala presidencial, a equipe identificou ao menos uma informação falsa, duas exageradas e seis verdadeiras. Aqui você vê as frases checadas.
E isso é só o começo. Porque, como afirmamos em editorial publicado ainda no primeiro turno, os eleitos serão checados pela Lupa com mesma metodologia e afinco.
Feliz 2023,
Marcela Duarte
Gerente de Produto
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Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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