🔎 Lente #77: 'Festa da Selma', com 'tudo pago', toma Brasília
Domingo, 8 de janeiro, dia da invasão ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto, em Brasília. Por isso, a Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa, chega com uma edição extra.
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Vândalos convidaram para ‘festa da Selma’, com ‘tudo pago’, em Brasília
Quem consome desinformação política arrota golpismo. E o mundo teve neste domingo (8) a segunda prova cabal disso.
Alimentados por centenas e centenas de mensagens que vêm colocando em xeque a lisura do processo eleitoral brasileiro, sempre com base em informações falsas, uma horda de terroristas vestindo verde-amarelo invadiu e depredou o Congresso Nacional, a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, em Brasília.
As imagens, vindas da Praça dos Três Poderes, em tudo lembram o ataque feito ao Capitólio americano em 6 de janeiro de 2020. Mas o episódio brasileiro foi maior e mais preocupante do que o americano. Nesta segunda-feira (9), Natália Leal, CEO da Lupa, publica artigo em que esmiúça isso.
Assim como nós, é bem possível que você tenha passado as últimas horas se perguntado como foi possível que o horror tomasse conta da capital federal. Levantamento feito neste domingo nas principais redes sociais e aplicativos de mensagem do país nos dá algumas respostas.
"Festa da Selma". Esta foi a expressão usada pelos vândalos para driblar possíveis monitoramentos e convocar para os atos antidemocráticos que assistimos no domingo. Nossa equipe identificou referências a essa suposta celebração tanto no WhatsApp como no Twitter, no Facebook e no TikTok ― o que indica uma coordenação.
Levantamento feito a pedido da Lupa pela Palver, empresa que monitora cerca de 17 mil grupos públicos de WhatsApp, mostra que a expressão "Festa da Selma" começou a ser usada em 27 de dezembro e viralizou em 2 de janeiro. Ou seja, houve tempo para que a horda golpista se organizasse.
Uma leitura desse material sobre "Selma" revela ainda a clara existência de financiamento para os ataques a Brasília. Uma das muitas mensagens que viralizaram em grupos de Telegram prometia "Tudo pago. Água, café, almoço, janta" aos que topassem participar do terror.
Transmissões de YouTube feitas ao vivo ajudaram a chamar mais revoltosos para a Praça dos Três Poderes. Mostrando a presença de caminhões pipa e gerador, muitos desses canais também lucraram com os ataques ao poder constituído. Foi uma enxurrada de Pix para lá e para cá. Mas também houve a tradicional monetização digital, por meio de anúncios. No fim da tarde deste domingo, a AGU chegou a pedir que as redes sociais fechassem essa torneira. Ninguém respondeu oficialmente.
E qual a lição que tiramos desse triste domingo? Que precisamos de dados para realmente entender o que aconteceu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça, Flávio Dino, prometem encontrar e punir tanto os arruaceiros como seus financiadores. E, pensando nisso, decidimos abrir um formulário para coletar todas as postagens golpistas que circularam nas redes nos últimos dias.
Trata-se de um trabalho colaborativo ― algo concreto com o qual você pode contribuir. O formulário é este aqui. Basta que você indique o link ou compartilhe o arquivo com conteúdo antidemocrático que passou por suas mãos. Mantendo anônimos os denunciantes.
Coletamos esse material com um objetivo simples: entender padrões e conexões. E faremos uso jornalístico do que conseguirmos reunir, sem nunca nos negarmos a apoiar eventuais investigações. A democracia em primeiro lugar sempre.
Abraços,
Marcela Duarte
Gerente de Produto
…em Bolsonaro: o ex-presidente Jair Bolsonaro demorou 6 horas para comentar o ataque golpista à Praça dos Três Poderes. Em 2 de janeiro, a Lupa alertou que, em seus perfis nas redes sociais Facebook, Instagram e Twitter, Bolsonaro ainda se apresentava como presidente do Brasil. Isso não mudou até a noite deste domingo.
…na internet: é falso que o ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, mandou "desligar a internet" devido ao horror de ontem.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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