🔎 Lente #81: A fase 2.0 do projeto Lupa nos Golpistas
Boa sexta-feira, 10 de fevereiro. Veja os destaques da Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa:
Uma lupa mais detalhada nos golpistas;
Desinformação na pauta de encontro entre Lula e Biden;
Governo desiste de apresentar MP contra golpismo nas redes.
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Uma lupa mais detalhada nos golpistas
Um mês depois dos ataques antidemocráticos em Brasília, demos nesta semana mais um passo com o objetivo de mapear a origem e quem articulou a tentativa de golpe de 8 de janeiro. A nova etapa do projeto Lupa nos Golpistas, base de dados colaborativa que já recebeu cerca de 4 mil denúncias em 30 dias, quer ir além, tanto para mostrar como a voz do extremismo ecoa no Brasil quanto entender como nasce um golpista. A coleta de denúncias de conteúdos antidemocráticos conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.
Foi por isso que decidimos pedir a colaboração da nossa audiência em duas frentes. A primeira, na esteira do que já temos feito, foca nos golpistas de 8 de janeiro. Conhece alguém que foi preso nos ataques? Ou que participou de outros atos antidemocráticos? Compartilhe essa história com a gente. Mais do que coletar exemplos, queremos nos aprofundar nas trajetórias pessoais para conectar os pontos em comum entre aqueles que, contaminados pela desinformação, decidiram romper os limites democráticos.
Mas só olhar para essas pessoas não trará a dimensão do que se viu em Brasília. É preciso ir além. Por isso, a segunda frente aberta pela Lupa consiste em receber denúncias de atitudes extremistas, como ataques à democracia e discursos de ódio, principalmente nas redes sociais. E, como o extremismo não se manifesta apenas na política, a ideia é que esta base de dados colaborativa nos leve a outras áreas onde isso envenena a sociedade, quiçá ao núcleo do que move esse grupo.
Então, se você não conhece ninguém que foi preso ou participou dos atos de 8 de janeiro, mas vê, com frequência, conteúdos desinformativos ou que incitam discurso de ódio e ataques à democracia, queremos contar com seu apoio. Denuncie. A partir desses dados, vamos produzir reportagens e análises que possam melhorar a compreensão sobre quem são, de onde vem e como agem os extremistas no Brasil.
Também pedimos a sua ajuda porque acreditamos que o esforço coletivo é vital para superar a desinformação desenfreada e a divisão social e política do país. Portanto, se você se deparar com ações extremistas, denuncie. Se você conhece alguém que age assim, conte para nós. E, se puder, compartilhe essa nova etapa do Lupa nos Golpistas com todos aqueles que podem apoiar esta causa.
Abraço,
Leandro Becker
Editor
Lula e Biden falam sobre desinformação e discurso de ódio
“A defesa das instituições democráticas, o combate ao discurso de ódio e à desinformação” está na pauta de reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden, dos Estados Unidos, na Casa Branca, em Washington. No entanto, os termos dessa conversa não estão claros.
Os dois países passaram por episódios golpistas bastante similares nos últimos anos. Extremistas de direita tentaram invadiram o Congresso dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, dia em que o Senado e a Câmara dos Representantes se reuniam para oficializar a vitória de Biden. Quase exatamente dois anos depois, em 8 de janeiro de 2023, golpistas brasileiros invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Em ambos os casos, a desinformação nas redes sociais foi um fator determinante para a crise. Nos Estados Unidos e no Brasil, a extrema-direita utilizou de notícias fabricadas para contestar o resultado de eleições — e militantes usaram essa falsa fraude como pretexto para invadir edifícios públicos e promover depredações.
Além do cenário semelhante nos dois países, é importante lembrar que a desinformação nas redes sociais é tão global quanto a presença das plataformas. Extremistas norte-americanos — e de outros países — estão entre os responsáveis por criar e distribuir teorias da conspiração envolvendo as eleições brasileiras.
Isso sem falar no elefante na sala que é a presença do próprio perdedor das eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em solo americano. Até hoje ele não reconheceu a derrota e segue estimulando discursos golpistas de aliados ― e deve fazer o mesmo em evento que acontece neste sábado (11) em Boca Raton, repetindo recente encontro em Orlando, que contou inclusive com a presença do foragido Allan dos Santos.
Chico Marés
Correspondente em Brasília
…no ChatGPT: o popular chat de inteligência artificial pode se tornar uma ferramenta perigosa na mão de desinformadores profissionais, alertam pesquisadores da NewsGuard, empresa especializada no monitoramento de desinformação. Em um teste realizado pela empresa, o “robô” aceitou redigir textos com base em informações falsas em 80% das tentativas. Em um dos casos, o ChatGPT reproduziu a mentira de que familiares de vítimas de massacres em escolas americanas eram “atores de crise” — teoria da conspiração que ficou famosa no infame InfoWars, do extremista Alex Jones.
… ainda no ChatGPT: artigo sobre educação midiática publicado nesta semana pela Lupa mostra que, apesar de especialistas terem preocupações em relação a esse tipo de ferramenta, defendem a experimentação. “O ChatGPT tende a mudar a forma como vamos buscar e consumir informação na web, aprimorando os mecanismos de busca já existentes hoje", explica Diogo Cortiz, professor de design da PUC-SP e pesquisador do NIC.Br. Leia aqui o artigo completo.
…no PL 2.630: reportagem da Folha de S.Paulo aponta que o governo federal desistiu de apresentar o projeto de lei contra golpismo nas redes via medida provisória. A ideia de regular aspectos das redes sociais — ainda que bastante limitados, visto que a proposta abrangia somente conteúdos que fomentavam golpes de estado e atentados — via MP recebeu bastantes críticas internas e externas. O governo pode apresentar a proposta como projeto de lei — o que, ao contrário da MP, não torna sua vigência automática — ou incluir as medidas em uma nova versão do PL 2.630, apelidado no passado de “PL das fake news”, apesar de envolver diversos de outros temas.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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