🔎 Lente #103: O hacker e a segurança das urnas
Boa sexta-feira, 18 de agosto de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
O hacker e a segurança das urnas;
Inscrições abertas para o Mirante;
Depoimentos “fabricados” por falsos clientes enganam na internet.
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O hacker e a segurança das urnas
Quando o depoimento do hacker Walter Delgatti Netto à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro foi marcado, já era de se esperar que a sessão seria tensa. Mas não sei se alguém imaginava o que aconteceu na quinta-feira (17) em Brasília. Delgatti falou, respondeu, acusou, provocou e se tornou o assunto número 1 da semana no país.
Segundo Delgatti, entre muitas outras coisas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perguntou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas para testar a lisura dos equipamentos. "Ele me deu carta branca para fazer o que eu quisesse relacionado às urnas. Então, eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito, que seria anistiado, perdoado", disse o hacker à comissão, se referindo ao indulto que Bolsonaro teria prometido caso Delgatti fosse preso.
Aos parlamentares, o hacker também disse que é “impossível acessar o código-fonte das urnas eletrônicas” e que qualquer ataque aos equipamentos de votação é impraticável, algo que vem sendo repetido à exaustão pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), especialistas e jornalistas nos últimos anos. Além de incendiar a CPMI e obrigar o ex-presidente a se defender, o depoimento do hacker serviu para que parlamentares reafirmassem a segurança do sistema eleitoral brasileiro, tão atacado por mentiras de quem não aceita os resultados das eleições.
Nos últimos cinco anos, a Lupa desmentiu 169 conteúdos falsos que colocavam em cheque a segurança das urnas. Também checou discursos de políticos que atacaram o sistema eleitoral, como é o caso de Bolsonaro, que desde 2018 fez ao menos 50 ataques às urnas e ao STF. E como há quem insiste em desinformar, reunimos aqui alguns dos boatos mais recentes sobre urnas que já desmentimos.
Luciana Corrêa
Editora
Inscrições abertas para o Mirante
A Lupa abriu as inscrições para a segunda edição do Mirante, o programa de treinamento em checagem de fatos. Desta vez, o programa tem como público-alvo jornalistas e estudantes de jornalismo do último ano da graduação, de periferias e favelas brasileiras, assim como de territórios quilombolas, ribeirinhos e indígenas.
O objetivo principal desta edição do Mirante é treinar e aperfeiçoar as habilidades de checagem, a fim de levar informação qualificada a regiões periféricas e desertos de notícias – locais que não contam com meios jornalísticos locais, fornecendo novas habilidades e ferramentas para jornalistas que vivem em regiões de maior vulnerabilidade social e que sofrem os impactos da desinformação e da disputa de narrativas no seu dia a dia. Os participantes serão estimulados a desenvolver iniciativas e projetos de checagem de fatos em suas comunidades e de forma colaborativa.
Os treinamentos são gratuitos e envolvem capacitação em técnicas jornalísticas de combate à desinformação, checagem de fatos, monitoramento de conteúdos falsos e iniciativas de distribuição de conteúdo verificado em plataformas digitais, além de ações de educação midiática e divulgação científica, com foco no desenvolvimento do pensamento crítico. Serão promovidos workshops, mentorias e imersões nas áreas de Produto, Redes Sociais, Jornalismo e Educação da Lupa. O Mirante terá duração de quatro meses, de outubro de 2023 a janeiro de 2024. As inscrições podem ser feitas até às 18h do dia 16 de setembro.
Se você conhece alguém que se encaixa no perfil do programa, encaminhe essa newsletter para que ela possa se inscrever.
nas propagandas enganosas na internet: nesta semana, a Lupa mostrou mais uma prova de que nem tudo é o que parece. Depoimentos falsos para promover desde suplementos naturais até sites de apostas e métodos para ganhar dinheiro online estão sendo vendidos em plataformas de trabalho freelancer. O objetivo é enganar consumidores que, ao buscarem por resenhas sobre determinados produtos, encontram depoimentos “fabricados” por falsos clientes que teriam experimentado e aprovado a compra. A Lupa localizou quatro plataformas com anúncios de compra ou venda desses serviços. Além do potencial de gerar prejuízo financeiro ao consumidor, os falsos depoimentos podem representar riscos à saúde, já que promovem substâncias sem qualquer comprovação sobre segurança ou eficácia.
…nos crimes que estão sendo cometidos nas redes: chega a ser impressionante a tranquilidade com que criminosos estão usando contas públicas no Instagram para vender notas falsas de dinheiro. Levantamento exclusivo feito pela Lupa mapeou ao menos 20 perfis públicos que comercializam cédulas falsas, alguns desde 2020. O crime de falsificação de notas é definido pelo artigo 289 do Código Penal, que prevê pena de três a 12 anos de prisão. Os perfis se gabam das notas que imitam as originais, inclusive copiando itens de segurança, anunciam a entrega do “produto” para todo Brasil e um deles até divulga um curso chamado “Alunos do crime”, que ensina, entre outras coisas, lições sobre como invadir computadores e produzir as falsificações. A Meta, empresa que controla o Instagram, disse à reportagem apenas que “atividades que tenham como objetivo enganar, deturpar, cometer fraude ou explorar terceiros não são permitidas no Instagram”. E declarou que trabalha com uma “combinação de inteligência artificial e revisores humanos para identificar conteúdos violadores” de suas políticas. Mas, neste caso, a combinação não funcionou. Um dia após a publicação da reportagem pela Lupa, pelo menos três contas ainda estavam ativas.
…nos sites que desinformam e lucram com anúncios: um levantamento realizado pela Lupa em parceria com a Lagom Data identificou publicações que alimentaram teorias conspiratórias de fraude eleitoral e intervenção militar, que levaram aos atos golpistas de 8 de janeiro, divulgadas por quatro sites que lucram com anúncios do Google. Juntos, eles tiveram ao menos 1.244 links distribuídos em grupos públicos no WhatsApp monitorados pela empresa Palver entre os dias 1º de novembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. Os quatro sites acumulam uma média de 8,5 milhões de acessos mensais e monetizam seus conteúdos por meio da plataforma Google AdSense. Com isso, seus cliques são convertidos em dinheiro. A Lupa fez alguns questionamentos ao Google, que não respondeu as perguntas específicas da reportagem e informou, apenas, que há regras para a utilização do Google AdSense para monetizar conteúdos por meio de publicidade e que, quando as regras são violadas, os sites são punidos.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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