🔎 Lente #107: ‘Threads’ parece com concorrente até nas fakes

Boa sexta-feira, 22 de setembro de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:

• ‘Threads’ é parecido com concorrente até nas fakes;

• Aborto: O que o STF começou a julgar nesta sexta?;

• A Lupa checou o discurso de Lula na ONU.

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‘Threads’ é parecido com concorrente até nas fakes

Você também aderiu ao Threads, a rede social lançada em julho pela Meta para concorrer com o X, quando este ainda se chamava Twitter? Já são mais de 100 milhões de usuários globais e a expectativa da empresa é chegar a 1 bilhão. Se você “circula” por lá, talvez já tenha reparado que não demorou para o Threads virar mais um palanque para desinformação e discurso de ódio.

Levantamento feito pela Lupa identificou publicações enganosas sobre urnas e vacinas, negacionismo climático, posts LGBTfóbicos, xenofóbicos e até de apologia ao nazismo. E olha que, no lançamento da rede, a empresa afirmou que a proposta do Threads é “ser um espaço positivo e criativo para as pessoas expressarem suas ideias”.

A ideia de uma nova plataforma que competisse com o Twitter despertou curiosidade, já que, desde que a empresa foi comprada por Elon Musk, a rede mudou bastante e até registrou aumento de desinformação. No entanto, o último lançamento de Mark Zuckerberg não tem demonstrado grandes esforços para ir por um caminho diferente no que diz respeito às fakes.  

A Meta confirmou que o programa de verificação de fatos da empresa não inclui o Threads. Por meio dessa iniciativa, checadores independentes certificados pela International Fact-Checking Network (IFCN) em todo o mundo, entre os quais a Lupa, identificam, analisam e classificam desinformação no Facebook, Instagram e no WhatsApp. A Meta declarou ainda que, por enquanto, não tem planos de abrir um programa de checagem de fatos para o Threads, mas que conteúdos falsos do Instagram que foram verificados por agências e que tenham sido compartilhados no Threads terão o selo de checagem de fatos.

A empresa disse também que “as políticas do Threads são as mesmas aplicadas ao Instagram” e que conteúdos com potencial falso ou que violem as políticas da Meta podem ser denunciados. Mas, pelo visto, isso não tem sido suficiente. Por enquanto, o Threads corre para se parecer ainda mais com o principal concorrente, inclusive nas fakes que circulam. 
 

Luciana Corrêa
Editora

Aborto: O que o STF começou a julgar nesta sexta-feira?

O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta sexta-feira (22), de forma virtual, a ação que pede a descriminalização da interrupção da gravidez até a 12ª semana. Os autores da ação, que tramita desde 2017, reivindicam que os artigos 124, 125 e 126 do Código Penal, que são de 1940 e tratam o aborto como crime, sejam considerados inconstitucionais por ferir direitos de mulheres.

O julgamento da ação foi pautado pela presidente do STF, a ministra Rosa Weber, que foi a primeira a votar. Em 103 páginas, a ministra citou os direitos das mulheres, discriminação de gênero, e defendeu uma mudança de foco no tratamento dos direitos reprodutivos femininos para, no fim, votar a favor da descriminalização até a 12ª semana de gestação.  

Depois do voto de Rosa Weber, o ministro Luís Roberto Barroso pediu destaque do processo, ou seja, que ele continue sendo julgado no plenário físico e não mais no virtual. Por isso, o julgamento foi suspenso e ainda não há data confirmada para o retorno.

O tema é cercado por tabus e também desinformação no Brasil. Para facilitar o entendimento do que está sendo julgado, a Lupa publicou uma reportagem que explica o que é a ação, como ela surgiu e em que argumentos se baseia. 

Importante destacar que a última edição da Pesquisa Nacional do Aborto (PNA), divulgada em março deste ano com dados referentes a 2021, indicou que uma em cada sete mulheres, aos 40 anos, já passou por aborto induzido no país. O estudo também mostrou que 52% delas abortaram com menos de 19 anos.

• ...no discurso do Lula na ONU: ao abrir a Assembleia-Geral das Nações Unidas na terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou por cerca de 21 minutos. Ele enfatizou o combate às desigualdades, falou sobre desenvolvimento sustentável, fez críticas a organismos internacionais, como a própria ONU, e prometeu lutar contra a desinformação. Entretanto, Lula errou ao citar o histórico do debate da crise climática e a produção brasileira de etanol e biodiesel. A Lupa checou algumas das frases ditas pelo presidente no discurso.

• …no golpe dos pastores que espalhavam “fake news”: não é novidade que criminosos usam as redes sociais para enganar e aplicar golpes, mas nesta semana um esquema revelado chamou atenção. A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu uma organização criminosa que, segundo a investigação, cometeu crime de estelionato contra 50 mil pessoas. Não, você não leu errado. Milhares de pessoas foram enganadas por promessas feitas por líderes religiosos que usavam a fé alheia para prometer, a partir de “investimentos” pequenos, ganhos irreais (eles falavam em octilhão, numeral com zeros a perder de vista). Para ludibriar as pessoas, o grupo espalhava teorias conspiratórias e “fake news” entre os fiéis da igreja e nas redes sociais. O golpe rendeu, de acordo com a investigação, uma movimentação de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos.

• …no futuro das ‘Notas da Comunidade’: a iniciativa do X para lidar com informações enganosas existe desde 2021 (primeiro como Birdwatch e depois como Notas da Comunidade), mas não parece muito efetiva. A colunista da Lupa Cristina Tardáguila mostrou na coluna desta semana que, até agora, os resultados são pífios. No Brasil, as Notas da Comunidade existem desde março e também não empolgam no combate à desinformação por ignorar assuntos sérios e comumente desinformativos como vacina e urnas eletrônicas. A novidade é que pode piorar com uma atualização da empresa que, em vez de clareza e consenso, pode gerar mais confusão e discussão.

Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana

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