🔎 Lente #108: Mentiras sobre as vacinas atravessam a história
Boa sexta-feira, 29 de setembro de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
As mentiras sobre as vacinas atravessam a história;
O alerta da ministra Rosa Weber sobre o combate à desinformação;
Semana de notícias ruins sobre o X/Twitter.
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As mentiras sobre as vacinas atravessam a história
O mês de setembro marcou os 50 anos do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Brasil. Quem cresceu admirando o “embaixador” da vacinação infantil, o Zé Gotinha, talvez tenha dificuldade de entender o tamanho da preocupação com a queda da cobertura vacinal no país.
Um fator que certamente está entre as causas dessa queda é a desinformação. "O movimento antivacina contribui com a redução da cobertura vacinal porque traz o elemento da desinformação, que ataca a confiança das pessoas", disse o diretor do PNI, Eder Gatti, em entrevista à Lupa.
Mas se engana quem pensa que as “fake news” sobre vacina surgiram na pandemia da Covid-19. O problema é histórico e registrado desde o período do Império. A Lupa reuniu em reportagem 5 momentos em que a desinformação impactou campanhas de vacinação no país. E os boatos envolvem desde feições bovinas até alteração do DNA. Tudo falso, é claro.
Uma busca pelo termo “vacina”, no site da Lupa, também dá uma dimensão do problema. São mais de 300 verificações feitas nos últimos anos – muitas sobre os imunizantes da Covid-19. As fakes mentem sobre eficácia, riscos, outras doenças causadas pelas vacinas e trazem teorias conspiratórias sobre a redução da população mundial. Pode parecer engraçado, mas é triste e muito perigoso.
Além de celebrar as cinco décadas do PNI, programa reconhecido no mundo por erradicar doenças graves, o Ministério da Saúde precisa agir para enfrentar de fato a desconfiança que muitos brasileiros têm sobre as vacinas. O dado correto precisa chegar antes das fakes para encontrar cidadãos preparados para lidar com a desinformação.
E aqui vale aproveitar o gancho para perguntar: e por aí, tudo em dia com as suas vacinas?
Luciana Corrêa
Editora
O alerta da ministra Rosa Weber sobre o combate à desinformação
Nesta semana, dias antes de deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber esteve no seminário "Liberdade de Imprensa: onde estamos, para onde vamos", organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Weber não deixou apenas a presidência. Na próxima segunda-feira (2) ela atingirá a idade-limite para ocupar um cargo no STF, 75 anos, e, por isso, se aposentará.
A ministra fez, nas vésperas da sua aposentadoria, um discurso forte sobre a importância do jornalismo profissional no combate à desinformação que, nas palavras dela, “é um dos maiores desafios da democracia moderna”.
Para ela, agentes da desinformação ocuparam o espaço democrático “determinados a manipular o pensamento individual e coletivo de modo a desacreditar as instituições políticas, fomentar a discórdia, incitar a violência e instigar todas as formas de discriminação social”. A ministra completou dizendo: “Compreender os mecanismos pelos quais a disseminação de desinformação opera, explorando preconceitos e vieses presentes na sociedade, é um fator central para a elaboração de uma estratégia de combate eficiente”.
Weber ainda destacou os ataques sofridos por jornalistas. De acordo com o relatório Monitoramento de Ataques a Jornalistas no Brasil (Abraji), foram registrados 557 casos de agressões a profissionais no ano de 2022 no país. Um problema, segundo a ministra, também agravado pela desinformação. "Situando-se na linha de frente contra a desinformação, a imprensa livre e os profissionais do jornalismo na defesa da transparência e da verdade são alvos constantes da rede de ódio no Brasil”, disse a ex-presidente do STF.
...no futuro do X (ex-Twitter): foi uma semana de notícias ruins sobre a empresa de Elon Musk. O X teve o pior desempenho em um relatório apresentado na Semana do Clima de Nova York. O levantamento feito pela Ação Climática Contra a Desinformação (CAAD, na sigla em inglês) deu à rede de Musk apenas 1 entre 21 pontos possíveis na avaliação que pesquisou a Meta, YouTube, TikTok e o X. De acordo com o relatório, “faltam políticas claras que abordem a desinformação climática”, entre outros problemas. Depois, foi a União Europeia que alertou: o X tem a maior proporção de publicações desinformativas entre as grandes redes sociais que estão na UE. Lembrando que por lá está em vigor a Lei dos Serviços Digitais (DAS) que regula as plataformas. E, por fim, a notícia de que a empresa desativou recurso para denunciar desinformação eleitoral em vários países. Faltando poucos meses para eleições importantes pelo mundo, Musk anunciou que demitiu grande parte da equipe encarregada de preservar a integridade eleitoral na rede.
…no projeto que proíbe o casamento homoafetivo no Brasil: ele estava na pauta para ser votado pela Comissão de Previdência e Família na última quarta-feira (27), na Câmara dos Deputados, mas a votação acabou adiada. O relator do Projeto de Lei, Pastor Eurico (PL-PE), pediu mais tempo para analisar o texto, que deve passar por alterações. Nesta semana, a Lupa explicou o que diz a proposta, que proíbe o reconhecimento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo com argumentos que citam a Bíblia, o Código Civil e a Constituição Federal. Importante ressaltar que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2011, garante a união estável entre casais homossexuais. Além disso, em 2013, uma resolução do CNJ determinou que cartórios realizassem casamentos de casais do mesmo sexo.
…nas consequências da fake do banheiro unissex: a Advocacia-Geral da União (AGU) está avaliando a adoção de medidas contra os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) pela disseminação de conteúdos falsos sobre um tema que de vez em quando ressurge: banheiro unissex. No último fim de semana os parlamentares fizeram postagens que viralizaram sobre uma suposta determinação de instalação de banheiros unissex em escolas por parte do governo federal. A informação é falsa e distorce uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ que nada tem a ver com determinação do governo. A AGU foi acionada pelo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
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Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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