🔎 Lente #109: Ataques a Sâmia nas redes após assassinato no RJ
Boa sexta-feira, 06 de outubro de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
Ataques a Sâmia Bomfim infestam redes após assassinato de médicos;
Mirante já tem os selecionados;
O que Krenak, imortal pela Academia Brasileira de Letras, falou à Lupa.
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Teorias e ataques a Sâmia Bomfim infestam redes após assassinato de médicos
O assassinato de três médicos na madrugada de quinta-feira (5) em um quiosque na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, deixou o país chocado. O crime, independentemente da motivação, é um absurdo. Mas o fato de haver entre as vítimas o irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) adicionou ao caso ainda mais repercussão, comoção e dúvidas.
Perseu Ribeiro de Almeida, 33, Marcos de Andrade Corsato, 62, e Diego Bomfim, 35, morreram. Um quarto médico, Daniel Proença, sobreviveu aos tiros e se recupera no hospital. A polícia investiga e, até o momento, a principal suspeita é de que o assassinato tenha sido um engano. As balas teriam outro alvo, um homem acusado de integrar uma milícia.
Nas redes sociais, o assunto foi repercutido de todos os jeitos e, claro, não faltou especulação. Um levantamento da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que até as 13h de quinta, 32,7 mil posts sobre o assunto haviam sido feitos no X (antigo Twitter). Usuários alinhados ao governo relembraram o caso Marielle Franco ao sugerir participação de milícia “bolsonarista”. Já a oposição bolsonarista falou em “resultado da impunidade”. Além disso, teorias sem nenhuma evidência ou prova acusavam integrantes do PSOL, partido de Sâmia.
Não bastasse isso, a Lupa mostrou que a própria Sâmia, que enfrenta a dor pela perda do irmão Diego, ainda sofreu ataques e discurso de ódio nas redes. Ataques que foram feitos, em sua maioria, por perfis pequenos alinhados à direita. O nome dela chegou a ficar em primeiro lugar nos assuntos mais comentados no X. Entre as publicações, xingamentos, comentários que culpavam Sâmia pela morte do irmão, criticavam a “hipocrisia” da parlamentar por supostamente “defender bandidos”, associavam, sem provas, o nome dela ao crime organizado e usavam a aparência dela para ofendê-la diante da situação. Aqui vão alguns exemplos:
“Irmão da Sâmia ‘Gordim’ então devia defender bandido igual a ela. Bem feito”.
"Uma FDP que defende bandido, é só o começo espero que pague mais"
“Essa deputada passa a vida atacando a nossa liberdade, a nossa defesa. Ela é responsável por tudo isso que está acontecendo, pelo que aconteceu com o irmão dela”.
Deboche, desrespeito, ofensas, gordofobia, desinformação. Como a Lupa já mostrou em reportagens anteriores, mulheres são alvos frequentes de ataques que buscam desqualificar a presença delas na política. Aconteceu novamente e com toques ainda mais cruéis.
Luciana Corrêa
Editora
Mirante já tem os selecionados
Em sua segunda edição, o programa de treinamento em técnicas de checagem e educação midiática da Lupa recebeu 110 inscrições de participantes de 19 estados brasileiros. A seleção foi feita a partir de uma prova de conhecimentos sobre política, um teste de checagem e análise de portfólio, até chegar aos 30 selecionados.
Nesta edição, o Mirante tem como público-alvo jornalistas e estudantes de jornalismo do último ano da graduação, considerando um critério de diversidade, com foco especial em participantes de territórios periféricos e localizados fora do eixo Sul-Sudeste.
O programa terá atividades de outubro até o início de dezembro, com workshops, sessões de mentoria e imersão nas áreas da Lupa. Os treinamentos incluem temas ligados ao combate à desinformação e educação midiática, técnicas de checagem, uso das plataformas de redes sociais e bancos de dados mais utilizados em campanhas eleitorais.
Desde a última edição, o Mirante cresceu e dobrou o número de participantes. "Teremos uma turma maior, com representantes de 14 estados brasileiros, trazendo mais diversidade e possibilitando uma atuação mais ampla e ao mesmo tempo mais forte a nível local. Isso não é à toa, já que em 2024 teremos eleições municipais, quando a capilaridade da desinformação aumenta e é preciso atuar em nichos regionais", explica Raphael Kapa, coordenador de Educação da Lupa.
...nas palavras do novo imortal da ABL, Ailton Krenak: o escritor e ativista socioambiental Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira (5) para ocupar a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que pertenceu a José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano. Krenak é o primeiro indígena a se tornar um imortal pela Academia. O escritor, que nasceu na Terra Indígena Krenak, na região do Médio Rio Doce (MG), conversou em junho deste ano com a repórter da Lupa Carol Macário, para uma entrevista publicada no Dia Mundial do Meio Ambiente. Alguns meses se passaram, assuntos comentados na conversa tiveram novidades (como o marco temporal), mas esta é uma daquelas entrevistas que vale revisitar. Ele falou sobre desinformação ambiental e como as narrativas falsas interferem na percepção sobre os povos originários, fez críticas aos políticos brasileiros, mas deixou sugestões de caminhos possíveis. E tudo isso, como diz a Carol no texto, sem deixar a poesia de lado, como neste trecho: “Se a gente conseguir abrir uma clareira nesse mundo caótico, a gente vai ser o beija-flor. Aquele beija-flor inocente que vai no oceano, pega uma gotinha d'água e carrega no bico para apagar um incêndio. Ele está vendo que o inferno é geral”.
…na ‘Democracia por Design’: o nome pode não ser familiar, mas merece ser conhecido. Democracia por Design é como um grupo, formado por dez organizações de renome internacional, chamou um documento lançado recentemente que tem um objetivo simples: sugerir um passo a passo do que as redes sociais deveriam fazer para serem capazes de defender a integridade das eleições e, como consequência, democracias ao redor do planeta. Para os pesquisadores, em vez de focar no conteúdo ou na monetização dele, é hora de investir tempo estudando o produto, ou seja, o design das plataformas digitais. Cristina Tardáguila mostra na coluna desta semana na Lupa as sugestões, algumas até bem simples, do estudo.
…no novo PL do Impeachment: O Projeto de Lei nº 1.388/2023, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem gerado polêmica. O texto, que discute novas regras para o andamento de processos de impeachment, acrescenta entre as condutas que podem resultar em crime de responsabilidade a divulgação de conteúdos falsos. No artigo 7, o PL diz que serão crimes de responsabilidade os atos que tenham o objetivo de “divulgar, direta ou indiretamente, por qualquer meio, fatos sabidamente inverídicos, com o fim de deslegitimar as instituições democráticas”. Mas, como tudo que envolve o tema no Congresso, essa proposta também gerou reações. Entre as mais de 60 emendas que o projeto já acumula, uma pretende retirar, integralmente, qualquer restrição imposta a quem disseminar informações falsas. A proposta partiu do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
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