🔎 Lente #110: A guerra que tomou conta das redes sociais
Boa sexta-feira, 20 de outubro de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
A guerra no Oriente Médio que tomou conta das redes sociais;
CPMI chega ao fim com cobranças para plataformas digitais;
Uso da constelação familiar no Judiciário é discutido no CNJ.
Curte a Lente? Envie este link e convide seus amigos para assinarem a newsletter
A guerra que tomou conta das redes sociais
Já são 14 dias da guerra entre Israel e Hamas e um volume enorme de informações circulando sobre o conflito. É bem possível que você já tenha se deparado com, pelo menos, algum conteúdo sensível ou imagem perturbadora, algum conteúdo falso e alguém usando a guerra para justificar preferências políticas e ideológicas no Brasil. E você não é o único.
Um estudo da Escola de Comunicação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado pela Lupa mostrou que, só no X (antigo Twitter), as menções ao conflito representaram cerca de um terço (31%) das discussões sobre política no país nos primeiros 10 dias de guerra. Foram 2,28 milhões de menções focadas apenas nisso.
O levantamento também mostrou que a perspectiva apresentada na plataforma foi, majoritariamente pró-Israel e buscou estabelecer associações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o grupo Hamas, sendo esse discurso impulsionado, em grande parte, por figuras políticas.
Isso também ficou evidente em outra análise feita pela Lupa. Em 10 dias de conflito, 17 políticos – que acumulam mais de 700 mil inscritos no Telegram – usaram seus canais na plataforma para divulgar conteúdos sobre o assunto. Das 98 mensagens enviadas, em 71% delas foi observado uso político da guerra para capitanear apoio a pautas como armamento da população e antifeminismo ou convencer os eleitores de que a esquerda apoia o terrorismo. Do total, apenas uma mensagem foi feita por um parlamentar de esquerda.
Os dados foram obtidos por meio de um monitor que está sendo desenvolvido pela Lupa para identificar, de forma automatizada, padrões de desinformação em postagens nas redes sociais de políticos em cargos eletivos em nível federal.
Muitas dessas associações viraram conteúdos falsos que estão sendo amplamente compartilhados. A Lupa já verificou e desmentiu alguns desde o começo do conflito, mas diariamente aparecem novos. Então, essa lista está sendo constantemente atualizada.
Outros acontecimentos, como a explosão do Hospital Árabe Al-Ahli, na Faixa de Gaza, estão cercados de dúvidas e perguntas sem respostas. Por isso, vale acompanhar o que existe de fato até o momento para evitar o uso de uma tragédia desse tamanho em narrativas enganosas.
E se você já começa a sentir o peso de acompanhar por inúmeras telas uma guerra (muitas vezes ao vivo) com tanta informação e desinformação circulando, imagens tristes e histórias de dor sendo contadas, vale a pena ler o que especialistas dizem sobre como é possível proteger a nossa saúde mental em meio a tanto horror.
Luciana Corrêa
Editora
CPMI do 8 de janeiro termina com cobranças para plataformas digitais
Chegou ao fim, na última quarta-feira (18), a CPMI do 8 de janeiro. A comissão terminou com a aprovação do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pedindo o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 60 pessoas. Agora, o documento será encaminhado aos órgãos de investigação que devem dar continuidade às apurações.
O relatório dedica um capítulo de mais de 50 páginas à análise do que chamou de milícias digitais e à disseminação organizada proposital de conteúdos desinformativos O relatório dedica um capítulo de mais de 50 páginas à análise do que chamou de milícias digitais e à disseminação organizada proposital de conteúdos desinformativos. No documento, a senadora concluiu que a desinformação e o ecossistema digital brasileiro estão diretamente relacionados aos atos golpistas que levaram à depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília.
O texto condena o funcionamento das plataformas digitais pelo impulsionamento de “verdades alternativas” e afirma que as empresas de mídias sociais não estão tomando iniciativas suficientes para mitigar técnicas que viabilizam que conteúdos falsos viralizem.
Além da responsabilização e a punição dos mentores, instigadores, executores e financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro, o relatório propõe algumas recomendações, incluindo a aprovação “urgente” de projetos de lei que regulem o ecossistema digital, como o PL 2.630/2020 , o já conhecido “PL das Fake News”.
...na constelação familiar: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) começou a analisar na terça-feira (17) o uso da constelação familiar no Judiciário brasileiro. A terapia alternativa, que também é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é adotada por juízes em alguns tribunais no Brasil para a resolução de conflitos. Apesar de o método ser amplamente utilizado no Brasil, não há evidências científicas que atestem o funcionamento da constelação familiar, e a Lupa explicou os detalhes. O Conselho Federal de Psicologia, por exemplo, não reconhece a prática como terapia. A votação foi interrompida após um pedido de vistas – mais prazo para analisar o caso. Mas, antes disso, o relator do caso, conselheiro Marcio Luiz Freitas, votou para que seja vedado o uso do método no Judiciário, por entender que ele “revitimiza e lesiona” pessoas em situação de vulnerabilidade. No Ministério dos Direitos Humanos, a prática também está sendo questionada.
…na entrevista de Drauzio Varella: o médico, conhecido por ser um dos primeiros a usar diferentes mídias para divulgação científica, falou à Lupa sobre a responsabilidade das plataformas que não impedem desinformação médica que coloca em risco a saúde de pessoas, dos médicos que compartilham conteúdos falsos sobre vacinas e das fakes que ele próprio é vítima.
…na cadeira vaga no STF: muita coisa tem acontecido no mundo e tomado a nossa atenção, enquanto isso alguns assuntos de interesse dos brasileiros estão à espera de decisões. É o caso da escolha do novo ministro ou ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). A cadeira, que antes era ocupada pela ministra Rosa Weber, está vaga desde 2 de outubro. A posição é indiscutivelmente importante e, enquanto o presidente Lula não apresenta sua indicação, vale entender em detalhes todo o processo dessa escolha e as responsabilidades dos ministros.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
Não sabe o que a Lupa faz com seus dados?
Conheça nossa Política de Privacidade aqui
Enviamos este email porque você assinou nossa newsletter.
Se quiser parar de recebê-la, clique aqui.