🔎 Lente #112: Quando as fakes encontram pessoas no mundo real
Boa sexta-feira, 10 de novembro de 2023. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
Quando as fakes das redes encontram pessoas no mundo real;
Mapa digital reúne as leis sobre desinformação em um só lugar;
Mensagens golpistas circulam no WhatsApp sobre 15 de novembro.
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Quando as fakes das redes encontram pessoas no mundo real
Qual é o primeiro pensamento que você tem ao ouvir falar em fake news ou desinformação? Talvez várias coisas passem pela sua cabeça e acreditamos que muitas delas têm a ver com o digital, com as redes sociais. É comum a gente associar o tema apenas ao que vemos pelas telas dos nossos smartphones ou computadores e quase esquecer que, do outro lado, alguém real vai ser afetado por uma história distorcida, mentiras ou discurso de ódio. Às vezes, por tudo isso ao mesmo tempo.
Ao planejar os conteúdos de jornalismo que marcariam os 8 anos de Lupa, pensamos nessas pessoas reais. Na desinformação que pode se multiplicar online, mas acaba virando preconceito e violência ao encontrar gente de verdade.
Na semana passada, contamos em vídeo e texto a história do Thiago Menezes que, aos 13 anos, foi assassinado por policiais na Cidade de Deus, Rio de Janeiro, onde morava com a família. O menino que amava futebol, era adorado pelas professoras e se divertia fazendo dancinhas com os irmãos em casa foi baleado e taxado de criminoso em uma nota da Polícia Militar. O texto, que foi apagado por ordem da justiça, alimentou o preconceito racial e social que transforma crianças negras de comunidades brasileiras em bandidos apenas por viver onde vivem e não serem brancas.
Nunca houve nada, nenhuma prova, que incriminasse Thiago. Mas além de lidar com o luto pela perda brutal de um filho, a família dele precisou lutar — e luta até hoje — para limpar o nome do adolescente. Na internet, qualquer cordão de R$ 20 vira ouro para quem quer acusar um jovem negro de envolvimento com o tráfico. Foi assim com o Thiago. É assim com muitos outros.
Nesta sexta-feira (10), publicamos a segunda reportagem da série que fala sobre um outro problema que cresceu nos últimos anos no Brasil: a intolerância religiosa.
“É uma desinformação secular que gera violência, no caso das religiões de matriz africana, a compreensão de que a África não tinha humanidade, não tinha cultura, não tinha história, não tinha Deus. Você liga toda a lógica da civilização africana a algo do mal”, explicou à Lupa Ivanir dos Santos, babalaô e professor do programa de pós-graduação em história comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A violência gerada por essa desinformação secular atinge pessoas como a Mãe Bia e o Pai Rodrigo de Ogum, em Santa Catarina. Eles nos contaram — e você também pode assistir em vídeo — como já foram xingados, demitidos, hostilizados e até vítimas de um incêndio criminoso. Por trás dos ataques estão argumentos preconceituosos que são alimentados pela desinformação. "Meus filhos, quando eram crianças, estavam chegando da escola e uma mãe disse assim, para uma criança amiga: ‘não anda com eles, porque ali dentro eles matam crianças, eles são demônios’”, contou Pai Rodrigo.
Infelizmente, há muitas histórias assim para contar. Mas a série especial termina na sexta-feira da próxima semana mostrando como a desinformação impacta um outro grupo de pessoas. Um spoiler: eles são vítimas há mais de 500 anos no Brasil.
Fica aqui o nosso convite para a sua leitura também na semana que vem.
Um abraço
Luciana Corrêa
Editora
Carol Macário
Repórter
LupaMundi: as leis sobre desinformação em um só lugar
Lançamos o LupaMundi - Mapa das Legislações sobre Desinformação na segunda-feira (6) e estamos positivamente surpresas com a receptividade que estamos tendo. Parecia uma ideia meio louca compilar a legislação sobre desinformação do mundo mesmo (e era mesmo), mas o trabalho inédito do mundo está valendo a pena. Muitos jornalistas, acadêmicos e pesquisadores têm entrado em contato conosco dizendo que utilizarão o material em reportagens, em pesquisas e em sala de aula. Parece que vamos atingir nosso objetivo de inspirar e viabilizar matérias, artigos e teses sobre o tema.
Não é para menos: fazer um resumo de todas as legislações facilita muito as coisas. Além dos resumos, todos os links oficiais para as legislações de cada país estão lá. E o mapa possibilita análises que não poderiam ser feitas antes. É o caso da reportagem assinada pela repórter Iara Diniz, da Lupa, que usou o LupaMundi para mostrar que somente 35 países do mundo têm leis específicas contra a desinformação. O conteúdo ainda aponta que há 38 nações sem qualquer tipo de regulamentação relacionada à desinformação.
Acesse aqui o LupaMundi e teste também. E pode compartilhar com o mundo todo mesmo: o conteúdo está disponível em inglês e português.
…nas mensagens que circulam sobre 15 de novembro: a Lupa mostrou na quarta-feira (8) que mensagens golpistas de apoiadores da extrema-direita estão circulando em grupos de WhatsApp com convocação para protestos no dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República. Os conteúdos pregam “resistência civil” se não forem atendidas demandas como a anulação das eleições de 2022 e a destituição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um levantamento produzido pela Palver, 220 mensagens com termos ligados a manifestações no dia 15 foram identificadas. Algumas citam teorias da conspiração e defendem até o uso de armas de fogo para “tomar o país de volta”.
…nas informações para entender o conflito Israel-Hamas: já falamos em outras edições da newsletter sobre os conteúdos falsos que circulam sobre o conflito entre Israel e Hamas. A guerra completou um mês na terça-feira (7) e a Lupa publicou duas versões de um Explicador que pode ajudar você a esclarecer algumas dúvidas sobre a origem do conflito. No Instagram, você encontra uma versão em vídeo, mais reduzida. E no site, uma versão ampliada com perguntas e respostas, algumas enviadas por quem nos lê e acompanha nas redes sociais.
...no que a médica Luana Araújo tem a dizer: a infectologista e consultora em Saúde Pública Luana Araújo viu o seu nome se tornar popular nas redes sociais em 2021 ao ser ouvida na CPI da Covid-19. Desde então, passou a acumular seguidores na internet, onde produz conteúdos ligados à ciência e à saúde, mas também a sofrer ataques. Em entrevista à Lupa, Luana fala sobre as responsabilidades das plataformas digitais, os limites da autonomia médica e o papel das redes na divulgação científica hoje.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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