🔎 Lente #118: A Lupa em 2024
Boa sexta-feira, 5 de janeiro de 2024. Veja os destaques desta edição da newsletter sobre desinformação da Lupa:
A Lupa em 2024;
Combate à desinformação também em filme;
Não, o app Celular Seguro não acessa redes sociais.
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A Lupa em 2024
Hoje é meu aniversário. Completo 37 anos. Costumo dizer que o dia 5 de janeiro é o meu Réveillon particular — é tão pertinho do 31 de dezembro que eu não me importo de esperar uns dias a mais para comemorar a virada do ano. Nesta data, gosto de cumprir o clichê: fazer um inventário do que se passou no ano anterior e traçar algumas metas para o ano que chega.
Em 2024, vou completar três anos à frente da Lupa como diretora-executiva. É inevitável pensar em como mudamos internamente, o quanto nossa equipe cresceu e como diversificamos as maneiras pelas quais combatemos a desinformação. O fact-checking é a base do nosso trabalho, foi por onde começamos e para onde sempre vamos olhar. Mas ao longo do tempo passamos a verificar boatos que circulam em redes sociais, a construir projetos com marcas para difundir informação de qualidade sobre diferentes temas, treinamos milhares de pessoas em técnicas de verificação e checagem e em como consumir e produzir conteúdo com mais responsabilidade no ambiente digital.
Desenvolvemos produtos únicos, como um mapa que mostra como distintos países lidam com os conteúdos falsos do ponto de vista legal e jurídico. Aprofundamos nossa cobertura sobre narrativas desinformativas e seus impactos na vida cotidiana de todos nós.
Seguir fazendo tudo isso já seria bastante coisa. Mas este ano nos reserva uma nova eleição no Brasil (ou melhor, mais ou menos 5 mil diferentes eleições, uma em cada município do nosso país continental) e outras tantas ao redor do mundo. Estaremos monitorando as ondas de desinformação que — não há dúvida — irão se espalhar e impactar as campanhas. Nosso jornalismo contará com um novo monitor de desinformação e discurso de ódio desenvolvido aqui mesmo na nossa empresa, com o apoio do Google News Initiative, que nos permitirá identificar conteúdos falsos e seus propagadores e contar novas histórias sobre eles.
Haverá ainda outras discussões que irão impactar o cenário da desinformação. O PL 2.630/2020 deve voltar à pauta, assim como projetos de lei que pretendem estabelecer regulações sobre o uso da inteligência artificial, em particular sobre a produção e difusão de deep fakes eleitorais. A Lupa seguirá atenta aos desdobramentos, oferecendo conteúdos explicativos, reportagens e levando a você o noticiário relevante sobre esses temas, dando subsídios para que você esteja bem informado quando o assunto surgir na sua roda de amigos ou nos grupos de WhatsApp.
Também estaremos atentos às evoluções relacionadas à educação midiática no Brasil. Já estamos familiarizados com a estratégia proposta pelo governo federal, em linha com a Base Nacional Comum Curricular, sobre a qual nós também já trabalhamos há cerca de dois anos. Neste ano, nosso foco é disponibilizar a pais e professores um material completo para desenvolver as habilidades de produção e consumo de mídia junto com as crianças e os adolescentes. O material pedagógico produzido pela Lupa é inédito no país e estará disponível ainda no primeiro bimestre, acompanhado de planos de aplicação que permitirão que tópicos que vão desde o conceito de desinformação até a importância do jornalismo sejam trabalhados em casa e na sala de aula em todos os níveis de ensino — do infantil ao médio.
Com tudo isso no horizonte, a meta para este ano é uma só: dar ainda mais visibilidade ao que fazemos. Chegar aos desertos de notícias, às comunidades desassistidas pelo que chamamos "jornalismo tradicional", aos jovens que não se identificam mais com o velho jeito de consumir informação e a tantas outras audiências. Vamos dar mais atenção à nossa produção de vídeos, aumentar nossa presença em redes sociais e levar conteúdo verificado e de qualidade a um público ainda maior.
E também contamos com você para isso. O que você gostaria de ver na Lupa em 2024? Conta pra mim por e-mail no natalia@lupa.news. E, se puder, colabore com o nosso trabalho fazendo parte do Contexto.
Que 2024 nos traga leveza e mais responsabilidade com a informação. E que você lembre sempre de ter dúvida antes de ter qualquer certeza.
Um grande abraço e ótimo ano novo!
Natália Leal
CEO
Combate à desinformação também em filme
Seguindo na trilha do que a Natália Leal comentou acima sobre o quanto a Lupa diversificou as maneiras de combate à desinformação, se prepare para mais uma novidade. Na próxima segunda-feira (8), vai ao ar o nosso primeiro documentário.
Um ano depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, a Lupa lança um minidoc que terá em torno de 12 minutos e mostra a ligação entre desinformação e a motivação de quem participou da invasão em Brasília.
A produção contou com uma grande equipe, interna e externa da Lupa, liderada pela analista de projetos editoriais Nathália Afonso. A repórter Carol Macário tentou contato com quase 50 pessoas que participaram dos ataques de 8 de janeiro. Depois de agendar entrevista com três delas, somente uma topou falar – a peça que faltava para percorrer a cadeia completa de funcionamento da desinformação.
Assista a seguir ao making of do vídeo, que contou com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil e do programa Jogo Limpo 2.0, desenvolvido pelo Centro Internacional de Jornalistas e apoiado pelo YouTube Brasil.
Marcela Duarte
Gerente de Produto
…nas fakes sobre o ‘Celular Seguro’: lançado há pouco mais de duas semanas pelo governo federal, o aplicativo Celular Seguro já virou motivo de muita desinformação e mentiras nas redes sociais. A ferramenta permite o bloqueio rápido do aparelho, linha telefônica e aplicativos de banco em caso de roubo, furto ou perda. Mas em um vídeo que circula desde os últimos dias de 2023, o aplicativo está sendo apresentado como um meio para controle social, permitindo o acesso por parte do governo a contas bancárias dos cidadãos e até senhas de redes sociais. É tudo falso, como a Lupa explica com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública e de um especialista no assunto.
…nos debates sobre vacinas na Câmara: antes de 2023 acabar, a Lupa mostrou como nos últimos anos o tom dos debates sobre vacinação na Câmara dos Deputados mudou. Até 2019, parlamentares debatiam, sem muita controvérsia, como ampliar a cobertura vacinal no país. Mas de lá para cá, 21 proposições, a maioria de parlamentares filiados a partidos de direita, questionaram a obrigatoriedade da vacinação infantil. Em 2023, pela primeira vez desde 1960, a oposição na Câmara pautou o debate – ao menos, levando-se em consideração as proposições legislativas. Das 15 propostas, apenas três foram em apoio à vacinação. As outras 12 questionaram, em alguma medida, a inclusão de vacinas no calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do próximo ano – 11 se referem diretamente à vacina da Covid-19.
…nas pouco efetivas ‘Notas da Comunidade’: só 8% das 'Notas da Comunidade' feitas em português no X chegam aos usuários. O número – que mostra a pouco efetividade do programa que prometia ser “uma forma colaborativa de adicionar contexto útil aos posts" – foi obtido em um levantamento feito pela Lupa em parceria com a Lagom Data. Nossa reportagem mostrou que 92% de todas as "Notas da Comunidade" feitas em português entre março e 1º de dezembro permaneceram apenas dentro do sistema do programa. Na prática, isso significa que a iniciativa que aposta numa espécie de "fact-checking colaborativo" pouco contribui para melhorar o ambiente de informação dentro do X. Além disso, a iniciativa também não teve qualquer impacto real no discurso digital dos dois principais líderes políticos do Brasil nos últimos três meses. Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm passado ilesos às sugestões de esclarecimentos e de correção que são enviadas ao "Notas da Comunidade". E não é por falta de conteúdo postado que contém erro ou falta de contexto.
Dicas? Correções? Escreva para lupa@lupa.news
Obrigado pela leitura e até a próxima semana
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