Juntos, na batalha contra a desinformação!
Boa sexta-feira, 9 de abril, para tod@s. Nesta edição da Lente, a newsletter sobre desinformação da Lupa, você vai ler sobre:
Neurociência e desinformação
Bots chineses andam turbinando boatos sobre vacinas do Ocidente
A história do LupaEducação, que acaba de fazer quatro anos
Psiu! Conhece alguém que poderia se juntar a nós, na luta contra a desinformação? Convide-o para assinar esta newsletter.
'O cérebro humano tem viés'. Que desafio!
Uma das perguntas mais recorrentes nos congressos sobre desinformação é: por que, afinal, as pessoas compartilham conteúdos falsos? No debate "Arena de Ideias" promovido ontem, o neurologista e professor de Neurologia da Escola de Medicina da PUC-RS, André Palmini, indicou um caminho interessante.
"O cérebro humano lida de forma diferente com uma informação que vem de fora, a chamada realidade, dependendo se aquilo está de acordo ou não com nossas convicções previamente arraigadas. Cada um de nós tem um conjunto de convicções e estamos o tempo todo buscando no ambiente coisas que estão de acordo com elas, ao mesmo tempo em que afastamos tudo aquilo que está no sentido contrário", disse o especialista.
Palmini também contou que os estudos neuro-científicos mais recentes mostram que o cérebro humano se ativa muito mais quando estamos diante de algo alinhado com o que pensamos do que quando ouvimos uma evidência em contrário. "O cérebro tem um viés", enfatizou. "E isso é muito difícil de lidar porque é algo que está ligado à identidade da gente".
Lembremos, no entanto, que o cérebro humano tem enorme capacidade de se adaptar. É uma máquina de aprendizado e, pelo menos desde os anos 1980, há técnicas e táticas de abordagem não invasivas para justamente conseguir resolver conflitos e estabelecer diálogos. É um conjunto de práticas conhecido por muitos como "comunicação não-violenta". E talvez seja hora de lançar mão desse aparato científico para lutar contra as notícias falsas. Vamos construir pontes em vez de dinamitá-las.
É bem possível que, na batalha contra a indústria da desinformação, ou seja, na guerra contra grupos que são pagos para criar e compartilhar dados falsos com a intenção de manchar reputações, ideologias, marcas ou partidos, a neurociência ajude. É hora de testar. De investigar.
Um grande abraço,
Gilberto Scofield Jr.
Diretor de Negócios e Estratégia
Não há 'tratamento precoce' para Covid-19
Nem Chapecó (SC) nem nenhum outro município do Brasil (ou do mundo) esvaziou seus leitos de UTI ou zerou o número de mortes por Covid-19 em decorrência do chamado "tratamento precoce". Nesta semana, duas notícias falsas sobre isso foram intensamente compartilhadas nas redes, mas não passam disso: notícias falsas.
Você provavelmente já sabe, mas a gente repete: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e dezenas de outras entidades científicas do mundo, não há tratamento precoce comprovadamente capaz de evitar a Covid-19.
Também é importante lembrar que uma das estratégias de desinformação mais comuns da pandemia é tentar emplacar, entre leigos, a ideia de que não há consenso científico pleno sobre um determinado assunto. Não caia nessa.
...na China: o Oxford Internet Institute investiga a participação de robôs, os chamados bots, no que considera ser uma ação coordenada pelo governo chinês para a tirar a credibilidade de vacinas contra Covid-19 produzidas no Ocidente. Segundo pesquisadores da entidade britânica, a campanha de desinformação ganha adesão ao sugerir que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deva investigar outros países como sendo a possível origem do novo coronavírus. Assista aqui à entrevista da pesquisadora Hannah Bailey à BBC.
… no Discord: plataforma de mensagens que ficou conhecida entre os gamers por oferecer interações em formato de texto, vídeo e áudio removeu mais de 330 servidores que promoviam teorias da conspiração ligadas ao movimento QAnon. Segundo a última edição de seu relatório de transparência, divulgado no dia 2, a empresa passou de 100 milhões de usuários ativos em junho de 2020 para 140 milhões em dezembro do ano passado. O jornal The Wall Street Journal informa que a Microsoft tenta comprar o Discord por US$10 bilhões.
… nas eleições de 2022 (sim, já!): estudo feito pela FGV e detalhado pela Folha de S.Paulo concluiu que mais de 53% dos perfis do Parler ligados ao Brasil interagiram com conteúdos sobre fraude eleitoral, "importando argumentos americanos" e os ajustando ao contexto brasileiro. O Parler - plataforma de mídia social que prega um vale tudo em nome da "liberdade de expressão" - chegou a ser banido por Apple, Amazon e Google por supostamente acolher abrigar conteúdo que incita violência.
"Vidas em risco: os impactos da desinformação na saúde"
Esta será a próxima oficina do LupaEducação, e a gente quer que você participe! Inscreva-se aqui. O encontro acontece online (maldita pandemia!), às 19h (de Brasília) do dia 27 de abril.
E, para saber mais sobre o braço educativo da Lupa, assista a esse depoimento do nosso diretor de Educação e Marketing, Douglas Silveira. Ele conta como tirou o LupaEducação do papel em apenas três semanas. Tá divertido.