🔎 Musk, Xandão e a fake da discórdia
#149: Determinação para retirada de posts que desinformam é vista como censura por dono da rede
Olá! Marcela Duarte, gerente de Produto, aqui novamente para desejar um belo sextou a todas e todos, mas não sem antes ler a edição da Lente sobre o mais novo imbróglio entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o dono do X, Elon Musk. Quem destrincha a peça pivô da rixa é Nathália Afonso, analista de Projetos Editoriais. Boa leitura e bom fds!
Fakes sobre sistema eleitoral acirram embate entre Musk e Moraes
Informações falsas sobre o sistema eleitoral estão por trás do novo embate entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o dono do X, Elon Musk. Os conteúdos falsos falam sobre fraude em eleições, muitas vezes insinuando falhas na segurança das urnas eletrônicas.
Essa última disputa começou em 8 de agosto, quando Moraes determinou o bloqueio de sete contas na plataforma. Cinco dias depois, o X publicou em seu perfil oficial a determinação sigilosa de Moraes e criticou a medida, chamando-a de censura.
A tensão aumentou quando o X anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil, no sábado (17). A empresa afirma que Moraes ameaçou prender representantes legais que trabalham no local e, por isso, decidiu que a medida era necessária para “proteger a segurança dos colaboradores”.
Os perfis indicados por Moraes publicaram informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e ofensas ao ministro do STF. Entre eles está @claudio061973, controlado por Claudio Rogasane da Luz, que repostou uma publicação que alegava fraude nas eleições e que seria possível decodificar o sistema do Tribunal Superior Eleitoral e ver em quem cada eleitor votou.
Esse post é semelhante a um boato no qual se vê a mesma imagem de uma tela preta com uma lista de nomes. O texto que acompanha a foto afirma que o código-fonte da urna teria sido “quebrado” e que seria possível visualizar em quem cada eleitor votou – o que é falso.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já esclareceu inúmeras vezes que não há como saber em quem o eleitor votou. Segundo o órgão, o log das urnas eletrônicas — onde ficam guardadas todas as operações da máquina — não registra informações como número do título ou horário em que cada eleitor votou, ou seja, não é possível associar um voto a determinada pessoa.
O boato ganhou força por conta de uma imagem com uma lista de nomes de eleitores cujos votos teriam sido, supostamente, identificados através dos logs das urnas. Mas isso é falso. Segundo o TSE, os nomes podem aparecer nos logs da urna, mas não é possível ver o candidato escolhido por essa pessoa. Na realidade, o nome pode aparecer caso haja algum problema no momento do registro para a votação.
“Isso acontece porque é possível que o terminal do mesário apresente problema na hora de escrever algum texto no Display de Cristal Líquido (LCD). Se essa escrita falhar, então é registrado no log o texto que se tentou escrever. Se esse texto for o nome do eleitor, então ele pode ficar registrado no log. O nome do eleitor é exibido no terminal do mesário para a conferência da identidade do cidadão. Contudo, em hipótese alguma, essa anotação revela o voto da pessoa”, explica o órgão.
Esses arquivos ficam disponíveis para consulta no Portal de Dados Abertos do TSE. Ou seja, é uma informação pública que qualquer pessoa pode acessar.
A Constituição Federal define que o voto é secreto, e o TSE adota diversas medidas para proteger esse direito, seja criando softwares que impeçam esse tipo de coleta de dado ou estabelecendo proibições no dia da votação — como impedir que o eleitor vá para a cabine de votação portando celular ou algum outro tipo de aparelho que registre o voto.
Com a proximidade das eleições, a tendência é voltarmos a ver informações falsas sobre as urnas eletrônicas. O objetivo central de quem dissemina esse tipo de conteúdo é confundir a população e criar instabilidade e dúvida no processo eleitoral.
Até a publicação desta edição da Lente, os perfis indicados pelo ministro ainda estavam ativos no X.
Na semana passada, o X lançou novas versões de sua inteligência artificial, o Grok-2 e o Grok-2 mini. A novidade é que, além de textos, a ferramenta gera imagens na plataforma comandada por Elon Musk. Mas o Grok tem ignorado as recomendações previstas em seu próprio sistema e tem gerado imagens pornográficas, excessivamente violentas, odiosas ou que podem ser usadas para enganar ou prejudicar outras pessoas, como deepfakes. O resultado são imagens polêmicas, que preocupam especialistas, às vésperas das eleições norte-americanas e de outros pleitos que acontecerão ainda este ano. [Victor Terra, analista de Educação]
Ainda sobre o Grok: centenas de peças produzidas a partir da ferramenta circularam nas redes nos últimos dias. Entre as que viralizaram estão o ex-presidente Barack Obama usando cocaína e cenas de beijos entre os atuais candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Kamala Harris. Em uma delas, Kamala aparece grávida e em outra, em roupas íntimas. Celebridades e líderes mundiais, como a cantora Taylor Swift e os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin, também foram alvos de usuários. Sobrou até para o Mickey! Em uma das imagens, o personagem segura um copo de cerveja e um cigarro, vestindo o boné com o slogan da campanha de Trump em 2018 (“Make America Great Again”). Em outra, atira com um fuzil e empunha uma arma ao lado de Zelensky. [VT]
O Instagram ignorou sua própria política de moderação de conteúdo e deixou de barrar 93% dos comentários com discurso de ódio a mulheres em cargos políticos nos Estados Unidos. A conclusão é de um estudo recente feito pelo CCDH (Centro de Combate ao Ódio Digital, em português), como mostrou a reportagem da Folha de S.Paulo. A organização encontrou mil comentários considerados nocivos em contas de políticas republicanas e democratas, incluindo a vice-presidente e candidata à presidência, Kamala Harris. São comentários racistas, com teor sexual, ameaças de violência física, sexual e até de morte. O estudo considerou apenas os primeiros seis meses do ano. Em resposta, a Meta disse que trabalha para melhorar continuamente a sua política de detecção de conteúdo de ódio e que irá analisar o estudo para tomar as medidas cabíveis. [Luciana Corrêa, editora-chefe interina]
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